China lidera em pesquisa sobre Inteligência Artificial em dispositivos médicos
Entre 2020 e 2024, a China se destacou com mais de 81 mil publicações sobre Inteligência Artificial (IA) aplicada a dispositivos médicos, conforme o White Paper sobre Pesquisa de Inovação em Dispositivos Médicos da China. O país integra tecnologia avançada com a medicina tradicional chinesa (MTC), que ainda é amplamente utilizada pela população.
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A digitalização da medicina tradicional chinesa
A MTC, que historicamente se baseava em observações empíricas e no uso de ervas naturais, está passando por um processo de modernização. Pesquisadores têm se dedicado ao isolamento de ingredientes ativos e à criação de bancos de dados estruturados.
Um exemplo notável é o TCMBank, desenvolvido pela Universidade Sun Yat-sen. Este banco de dados contém informações sobre 9.192 ervas, 61.966 ingredientes ativos e 15.179 alvos biológicos. Ele utiliza um Módulo de Identificação Inteligente (IDIM) para coletar dados de livros e artigos, todos validados por revisão dupla.
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Essa plataforma facilita a identificação de compostos com potencial terapêutico e o mapeamento de interações entre medicamentos, acelerando o desenvolvimento de novos fármacos. Contudo, a heterogeneidade e o volume dos dados gerados em diferentes formatos representam um grande desafio, exigindo a utilização de IA para padronizar e analisar essas informações de maneira confiável.
Hospitais inteligentes com IA
Instituições de saúde e universidades na China têm adotado IA em diagnósticos, tratamentos e ensino. O Instituto de Pesquisa da Indústria de IA da Universidade Tsinghua inaugurou, no primeiro semestre de 2025, um hospital totalmente integrado por agentes inteligentes, com 21 departamentos e mais de 300 diagnósticos automatizados.
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Esse sistema apresenta 93% de precisão em testes, processando casos clínicos 100 vezes mais rápido que ferramentas digitais convencionais. O hospital opera como um ecossistema completo, realizando diagnósticos, prescrições, análises de exames de imagem e monitoramento remoto de pacientes.
Em Shenzhen, cerca de 450 produtos de IA foram implementados em hospitais e centros de saúde comunitários. No Hospital da Universidade de Medicina Chinesa de Pequim, terminais inteligentes analisam o rosto e a língua dos pacientes para avaliações rápidas de saúde.
Desafios e inovações no setor de saúde
Robôs auxiliam em acupuntura e fisioterapia, personalizando tratamentos com base em dados de imagem e movimento. Sistemas de IA transcrevem consultas e padronizam prontuários, reconhecendo diferentes dialetos regionais. Outros hospitais, como o Hospital Popular em Linfen, investiram em plataformas de triagem inteligente.
O Hospital Afiliado da Universidade de Zhejiang, em Hangzhou, desenvolveu um modelo de patologia que combina imagem e linguagem para identificar amostras suspeitas rapidamente. O Hospital Xijing, em Xi’an, implementou um assistente clínico de IA treinado em registros médicos reais, agilizando diagnósticos.
No setor privado, plataformas como JD Health, da JD.com, estão investindo em médicos de IA. Até o final de 2025, o sistema Jingyi contará com mil profissionais virtuais, incluindo especialistas em dermatologia e MTC.
Segurança e regulação na IA médica
O rápido avanço tecnológico traz à tona a necessidade de garantir a veracidade e a segurança dos dados utilizados em modelos de IA médica. Especialistas alertam que a falta de controle de qualidade pode resultar em erros de classificação e vieses nos conjuntos de treinamento, comprometendo diagnósticos.
Para mitigar esses riscos, universidades e empresas estão investindo em modelos híbridos que combinam IA com supervisão humana. O objetivo é desenvolver sistemas interpretáveis e rastreáveis, onde cada decisão possa ser auditada, um requisito essencial para a aprovação regulatória e a confiança pública.