Grupos como Médicos sem Fronteiras e a Oxfam relatam que seus próprios colaboradores enfrentam dificuldades devido à escassez de materiais.
Centenas de ONGs alertaram na quarta-feira 23 que um cenário de “fome em massa” se espalha na Faixa de Gaza e destacaram que seus próprios colaboradores enfrentam falta de abastecimento.
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Israel está sofrendo uma pressão internacional cada vez maior em razão da situação humanitária catastrófica no território palestino, onde mais de 2 milhões de pessoas lidam com 21 meses de um conflito destrutivo.
Apesar de Israel ter iniciado, em maio, o alívio de um bloqueio que durou mais de dois meses, a população da Faixa de Gaza continua a sofrer com uma grave falta de alimentos e outros produtos essenciais.
Ademais, a ONU acusou na terça-feira que as forças israelenses ceifaram a vida de mais de mil palestinos que buscavam assistência em locais de distribuição desde o final de maio, quando a Fundação Humanitária de Gaza (GFH), organização apoiada pelos Estados Unidos e Israel, iniciou a distribuição da ajuda.
As 111 organizações signatárias do comunicado, incluindo Médicos Sem Fronteiras (MSF), Save the Children e Oxfam, alertaram: “Nossos colegas e aqueles a quem servimos estão morrendo lentamente. Enquanto o cerco do governo israelense causa fome entre a população da Faixa de Gaza, os trabalhadores humanitários se juntam nas mesmas filas para receber alimentos, correndo o risco de serem baleados apenas por tentarem alimentar suas famílias.”
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Os grupos solicitaram a negociação imediata de um cessar-fogo, a abertura das fronteiras e o fluxo livre de assistência por meio dos mecanismos da ONU, e não da GHF.
O Israel alega que a assistência humanitária está chegando a Gaza e denuncia o Hamas de aproveitar o sofrimento da população civil.
A acusação das organizações foi divulgada um dia após o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, anunciar uma viagem ao continente europeu nesta semana para discutir Gaza, em uma missão que poderia levá-lo posteriormente ao Oriente Médio.
Witkoff viaja com a esperança de conseguir um novo cessar-fogo, atuando como um corredor humanitário para a entrega de assistência que ambas as partes concordaram em aceitar.
As organizações não governamentais apontaram que existe uma grande quantidade de assistência não utilizada, armazenada em depósitos situados no interior e fora das áreas de atuação.
Os palestinos encontram-se em um ciclo de esperança e sofrimento, aguardando auxílio e cessamentos (…). Não se trata unicamente de um sofrimento físico, mas também psicológico. A persistência se revela uma ilusão.
O diretor do hospital Al Shifa, Mohamed Abu Salmiya, anunciou na terça-feira que 21 crianças faleceram por causa da falta de alimento e desnutrição no território palestino nas últimas 72 horas.
No hospital Naser, em Gaza, a AFP registrou pais chorando sobre o corpo esquelético do filho de 14 anos, falecido por causa da fome.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, censurou o “horror” em Gaza, onde, declarou, houve “um nível de morte e destruição sem precedentes na história recente”.
Israel e Hamas negociam desde 6 de julho em Doha, buscando encerrar conflitos que duram quase dois anos. Apesar dos esforços dos mediadores – Catar, Egito e Estados Unidos – a negociação não alcançou resultados após mais de duas semanas de impasse e controvérsias.
Dezoito países ocidentais solicitaram nesta semana o cessar-fogo imediato, contudo, o Exército israelense anunciou uma nova operação em uma área do centro de Gaza que antes era considerada segura.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), quase 88% do território encontra-se sob ordem de evacuação israelense ou inserido em uma zona militarizada israelense.
O conflito irrompeu em 7 de outubro de 2023 com o ataque do Hamas a Israel, que causou a morte de 1.219 indivíduos, em sua grande maioria civis, conforme apurado por uma reportagem da AFP com base em informações oficiais.
A ofensiva militar israelense no território palestino ceifou a vida de mais de 59.100 palestinos, na sua grande maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, sob o controle do Hamas.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.