Carros e outros veículos no Brasil apresentaram um aumento médio de quase 30% na idade em uma década

De acordo com o Sindipeças, 62 milhões de peças estavam em circulação em 2024, com uma idade média de 10 anos e 4 meses.

08/06/2025 10:09

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São Paulo (SP), 16/01/2025 - Aplicativo 99, lança serviço de Moto Taxi em São Paulo, contrariando norma da prefeitura que proíbe o serviço.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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Em uma década, o Brasil registrou um aumento de 12% no número de veículos em circulação, passando de 55,3 milhões para 62,1 milhões, incluindo carros , veículos comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas. Esse crescimento acompanhou o envelhecimento da frota , que saltou de uma média de 8 anos e 1 mês em 2014 para 10 anos e 4 meses em 2024, com um aumento de quase 30%.

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Além de acender alertas sobre a poluição, os dados do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotivos), compilados pelo Poder360, podem ser explicados por uma combinação de alto preço dos veículos novos e baixa renda da população, segundo Josilmar Cordenonssi, professor da Escola de Negócios do Mackenzie. A única categoria que manteve a frota mais nova foi a das motos.

Para o professor do Mackenzie, a elevada tributação sobre a importação de automóveis e a subsequente diminuição da concorrência externa são fatores que influenciam os preços elevados, sobretudo nos veículos. “A renda per capita, de alguma forma, ainda pode estar se recuperando do patamar de 2014. Houve uma recessão significativa entre 2015 e 2016”, declarou. “Dessa maneira, indivíduos que adquirem carros novos tendem a mantê-los por mais tempo.”

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Dinâmicas Econômicas e Ambientais

O setor automotivo é um dos indicadores da economia. Sua movimentação demonstra como o uso de veículos é aplicado nas atividades no país. No caso dos caminhões, o aumento da frota dialoga com a logística interna: se há mais unidades em uso é por causa da maior demanda pela circulação de mercadorias.

Para o professor Luciano Nakabashi, da FEA-USP, o aumento no número de caminhões sinaliza um cenário econômico favorável. “Isso reflete uma economia que está produzindo e vendendo mais”, afirmou Nakabashi.

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O acúmulo de veículos antigos, contudo, revela as restrições do crescimento econômico. Ademais, o incremento da idade média dos automóveis afeta o meio ambiente. Caminhões, ônibus, motocicletas e carros mais novos tendem a ser menos poluentes – inclusive devido ao aumento progressivo da presença de veículos elétricos no mercado.

O levantamento de emissões de gases de efeito estufa no município de São Paulo indica que a queima de motores movidos a combustíveis fósseis, como diesel e gasolina, é responsável por aproximadamente 60% das emissões na maior cidade do país. A poluição do ar agrava doenças respiratórias, cardiovasculares, diabetes, entre outras.

O professor do Mackenzie, Cordenonssi, destacou outro ponto sobre o envelhecimento de veículos em circulação. “A frota antiga causa maior poluição, aumenta problemas respiratórios e eleva os gastos com saúde. Além disso, aumenta o risco de acidentes e congestionamentos”, afirmou.

Economia Gig Impulsiona Motos

Após o período de arrefecimento da pandemia de Covid-19, a partir de 2022, observou-se um aumento significativo no número de emplacamentos de motos. Entre aquele ano e 2014, a frota cresceu em aproximadamente um milhão. Ademais, esse foi o único veículo que apresentou uma redução na sua idade média, passando de 8 anos e 5 meses em 2022 para 8 anos em 2024.

A redução da idade desses veículos está relacionada ao aumento da procura por atividades econômicas, como entregas e mototaxi, impulsionadas pela economia gig e seus sistemas de aplicativos. O professor da USP, Nakabashi, ressaltou que “a menor ênfase das montadoras em modelos econômicos de carros acaba limitando a escolha por parte de famílias de classe média ou média-baixa, estimulando a demanda por motocicletas”.

Fonte por: Poder 360

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.