Candidato de extrema-direita eleito presidente na Polônia
Karol Nawrocki, apoiadora do presidente americano Donald Trump, obteve 50,89% dos votos no segundo turno.

O nacionalista Karol Nawrocki conquistou as eleições presidenciais da Polônia, conforme os resultados oficiais divulgados na segunda-feira (2), o que representa um revés para o governo pró-europeu do primeiro-ministro Donald Tusk e evidencia a polarização no país membro da OTAN e da UE. Nawrocki, historiador de 42 anos e defensor do presidente americano, Donald Trump, obteve 50,89% dos votos no segundo turno das eleições, realizado no domingo (1), segundo a Comissão Nacional Eleitoral. Seu oponente, Rafael Trzaskowski, de 53 anos, o prefeito pró-europeu de Varsóvia e aliado do governo Tusk, alcançou 49,11%.Nawrocki agradeceu aos eleitores pelo apoio diário e seu compromisso com a campanha, em uma mensagem publicada no Facebook. Ele disse querer que a Polônia seja um Estado que conte em nível internacional, europeu e nas relações transatlânticas. “Vou representá-la com dignidade no âmbito internacional, assegurando-me de que a Polônia seja tratada como um igual”, assinalou Nawrocki no X.Os integrantes do partido populista da oposição Lei e Justiça (PiS), que defenderam Nawrocki, classificaram a vitória do “referendo” sobre o governo pró-europeu de Tusk. “Os poloneses estão cansados do governo de Tusk e essa é provavelmente a mensagem central”, afirmou Jacek Sasin, ex-vice-primeiro-ministro durante o governo do PiS, que esteve no poder entre 2015 e 2023.“Parabéns ao vencedor”, escreveu na rede social X o presidente conservador Andrzej Duda, que agradeceu à população por “cumprir seu dever cívico” na votação, que teve uma taxa de participação de 71,63%.A campanha de Nawrocki se fundamentou no lema “Polônia em primeiro lugar, poloneses em primeiro lugar”. Ele assegurou a manutenção do apoio à Ucrânia contra a invasão russa, ao mesmo tempo em que questionou a assistência oferecida aos refugiados ucranianos na Polônia.Ele declarou em um vídeo divulgado durante a campanha que “os benefícios sociais serão principalmente para os poloneses” e que “nas listas de espera para médicos e clínicas, os cidadãos poloneses devem ter prioridade”. Em maio, o presidente eleito afirmou que a Ucrânia “não mostrou gratidão pelo que os poloneses fizeram”.Tensão com BruxelasApós o anúncio dos resultados, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou, em mensagem no X, que almeja “continuar uma cooperação produtiva com a Polônia e com o presidente Nawrocki de forma individual”.Outros líderes europeus reagiram à vitória do nacionalista. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que “confia” em prosseguir com “a cooperação muito boa” com Varsóvia.O presidente alemão, Emmanuel Macron, por sua vez, o incentivou a trabalharem juntos para construir uma Europa “forte”, “independente” e “respeitosa com o Estado de Direito”.Imigração, aborto, direitos.Na Polônia, um país de crescimento econômico acelerado com 38 milhões de habitantes, o presidente detém o poder de vetar leis e é o comandante-em-chefe das Forças Armadas. A vitória de Duda pode impedir a agenda progressista do primeiro-ministro Donald Tusk em favor dos direitos da população LGBTQ e de uma flexibilização das rígidas restrições ao aborto. As reformas propostas por Tusk, ex-presidente do Conselho Europeu que assumiu o cargo em 2023, foram bloqueadas pelo presidente Andrzej Duda.Muitos eleitores de Nawrocki manifestaram durante a campanha o desejo por restrições mais rígidas à imigração e por maior soberania em relação à União Europeia. A cientista política Anna Materska-Sosnowska, da Universidade de Varsóvia, classificou a eleição como “um verdadeiro choque de civilizações”.
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Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.