Câncer de pulmão: terapia-alvo diminui em 84% o risco de óbito; confira
Tratamento autorizado para pacientes apresentando tumores não passíveis de cirurgia, com a mutação correspondente.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou em maio um novo medicamento contendo osimertinibe, uma terapia direcionada, para pacientes com câncer de pulmão. O tratamento demonstra potencial para diminuir em 84% o risco de progressão ou óbito decorrente da doença, após quimioterapia e radioterapia.
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A nova indicação do osimertinibe é para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células em estágio 3 irressecável com mutação EGFR. Trata-se da primeira e única terapia-alvo aprovada para o tratamento desse perfil de pacientes no Brasil, que oferece uma mediana de tempo de vida sem progressão da doença superior a três anos.
O câncer de pulmão de não pequenas células é o tipo mais comum entre os tumores pulmonares, podendo ser classificado em três categorias: o adenocarcinoma (originário das células dos alvéolos), o escamoso (que se inicia das células achatadas do pulmão) e o de células grandes. A mutação EGFR ocorre frequentemente no adenocarcinoma, conforme relatado por Luiz Henrique de Lima Araújo, oncologista e Head de Oncologia da Dasa Genômica.
O estágio 3 é o mais complexo para a oncologia torácica, porque não é nem o estágio inicial, que costuma ir direto para a cirurgia, nem o estágio avançado, como o 4, que é quando a doença está espalhada. O estágio 3 irressecável é aquele cujo tumor já está grande e já acometeu os gânglios entre os dois pulmões. É uma localização geográfica ruim e o resultado de cirurgia, nesses casos, é muito ruim.
A abordagem usual, conforme o oncologista, é o uso de uma combinação de quimioterapia e radioterapia para pacientes com esse tipo de câncer de pulmão. “Antigamente, alcançávamos a cura em aproximadamente 20% desses pacientes com essa combinação”, declara.
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Atualmente, a terapia-alvo oferece aos pacientes uma opção de tratamento direcionada e mais específica, otimizando as taxas de sobrevida, diminuindo o risco de progressão da doença e de óbito.
A aprovação supreende uma necessidade médica não atendida, uma vez que pacientes com esse perfil passam a ter uma opção de tratamento específica, em um cenário em que não existia terapia direcionada. Satisfazer essa importante necessidade, com resultados tão expressivos de sobrevida livre de progressão e redução de risco de morte da doença, faz com que o osimertinibe seja o novo padrão de tratamento nesse cenário, comenta Araujo.
A terapia-alvo é uma abordagem que se concentra em identificar e modificar os fatores genéticos e moleculares específicos que contribuem para o desenvolvimento de uma doença.
O osimertinibe é uma terapia direcionada, é um tratamento que ataca, de forma específica, as células cancerígenas, mantendo as células saudáveis. a medicação age desativando as mutações EGFR presentes nessa forma de câncer, eliminando as células cancerígenas.
“É como se entrasses em um quarto com 100 interruptores. Mas, em vez de desligar todos eles, esse medicamento desliga o único interruptor com defeito”, explica o oncologista.
O fármaco já era aprovado no Brasil, sendo recomendado como tratamento prioritário pelas diretrizes do National Comprehensive Cancer Network, tanto no tratamento adjuvante em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células, estágio inicial, com mutação de EGFR, quanto para o tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células metastático com mutação de EGFR e para o tratamento em segunda linha para pacientes com a mutação T790M.
A nova aprovação se fundamentou no estudo LAURA, que evidenciou um ganho notável na sobrevida livre de progressão da doença.
Com esta aprovação, a terapia passa agora a beneficiar todos os perfis de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células com mutação do EGFR, independentemente do estágio do diagnóstico, seja inicial, localmente avançado ou metastático, afirma Karina Fontes, diretora médica executiva da AstraZeneca Brasil, responsável pelo medicamento.
O medicamento ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). “Reconhecemos que submeter nossas tecnologias à avaliação do SUS é essencial para garantir que esses tratamentos se tornem formalmente disponíveis para a população brasileira. Essas avaliações são conduzidas no momento oportuno, visando conciliar o benefício para os pacientes e a sustentabilidade do sistema de saúde”, afirma Marília Gusmão, diretora-executiva de Relações Corporativas da AstraZeneca Brasil, à CNN.
Almejamos colaborar com as autoridades para apoiar decisões embasadas em evidências, sempre respeitando os processos regulatórios e as diretrizes de incorporação definidas pelas políticas públicas de saúde.
Terapia diminui em 46% o risco de progressão do tumor em pacientes com câncer de pulmão.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.