Câncer de pâncreas é mais agressivo ou varia conforme o estágio?

Na CNN, especialistas recomendam o diagnóstico precoce da doença.

08/07/2025 18:37

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Câncer de pâncreas é mais agressivo ou varia conforme o estágio?
(Imagem de reprodução da internet).

O chef e apresentador Edu Guedes, 51 anos, anunciou recentemente que está lutando contra um câncer de pâncreas, um tipo de tumor caracterizado pela alta agressividade e rápida progressão. A notícia intensificou o debate sobre as características da doença e se ela é mais violenta do que outros tumores. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) registrou mais de 10 mil novos casos da doença diagnosticados em um ano, em 2022.

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Edu Guedes apresenta, até o momento, evolução surpreendentemente positiva. Contudo, segundo especialistas ouvidos pela CNN, esta não é a realidade da maior parte dos pacientes.

O câncer de pâncreas é considerado um dos tumores mais agressivos do sistema digestivo. Essa característica não se deve apenas ao seu comportamento biológico invasivo, mas sobretudo à dificuldade em diagnosticar a doença em seus estágios iniciais, o que impacta negativamente as perspectivas de cura.

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O principal desafio do câncer de pâncreas reside no fato de ele frequentemente se manifestar de forma discreta no início. Quando os sintomas surgem, o tumor já pode estar em estágio avançado e com metástases, o que diminui consideravelmente as chances de sucesso do tratamento, conforme explica o cirurgião gastrointestinal Lucas Nacif, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD).

O oncologista Mauro Donadio, da Oncoclínicas, complementa: “Apenas de 10% a 15% dos casos são diagnosticados precocemente. Ainda assim, quando identificada a tempo, a doença pode ser tratada com cirurgia com potencial curativo. Em tumores muito iniciais, cerca de 25% a 30% dos pacientes podem atingir a cura.”

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Por que o câncer de pâncreas é tão perigoso?

A agressividade do câncer pancreático é explicada por uma combinação de fatores, com sua progressão frequentemente sendo rápida. Ele tende a invadir órgãos próximos, como o fígado e o peritônio, e também pode se disseminar por via linfática ou sanguínea. “Mesmo quando diagnosticado em estágios iniciais, pode ser necessário o uso de quimioterapia antes ou após a cirurgia para aprimorar as perspectivas de controle da doença”, acrescenta Donadio.

Ainda existem diversos tipos de tumores pancreáticos. O mais comum e também o mais agressivo é o adenocarcinoma ductal pancreático, que se origina nas células dos ductos do pâncreas. “Ele apresenta um comportamento bastante invasivo”, ressalta Nacif.

Tumores neuroendócrinos bem diferenciados são menos frequentes e geralmente apresentam menor agressividade. Existem ainda lesões pré-malignas, como a neoplasia mucinosa papilar intraductal (IPMN), que necessitam de monitoramento rigoroso.

O diagnóstico precoce é essencial.

O diagnóstico precoce é crucial. Quando o tumor é detectado em fase inicial, a probabilidade de sucesso no tratamento pode ser elevada até 90%, conforme afirma Lucas Nacif. Contudo, ainda não existem exames de rastreamento eficazes disponíveis para a população em geral, como os que existem para o câncer de mama ou de colo do útero.

A biópsia líquida é uma técnica promissora, que possibilita a detecção de fragmentos genéticos do tumor em amostras de sangue, embora ainda não esteja amplamente disponível na prática clínica, explica Donadio.

Em pacientes com histórico familiar da doença ou síndromes genéticas associadas, exames de imagem como ressonância magnética e ultrassonografia endoscópica podem ser indicados preventivamente. E, mesmo sem métodos eficazes de rastreio, sinais como perda de peso inexplicada, dor abdominal persistente, icterícia (pele e olhos amarelados), náuseas e perda de apetite não devem ser ignorados.

O fator crucial para um resultado mais positivo é o momento do diagnóstico. Quanto mais cedo for identificado, maiores as probabilidades de um tratamento eficaz.

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Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.