Campanha presidencial no Chile prioriza segurança e estabilidade
Jeannette Jara, candidata de aliança de esquerda, e José Antonio Kast, do Partido Republicano, são os principais concorrentes.
As campanhas eleitorais dos principais candidatos à Presidência do Chile foram oficialmente apresentadas nesta quarta-feira (17). A votação ocorrerá em 16 de novembro.
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Os concorrentes notáveis incluem Jeannette Jara, representante de uma aliança de esquerda com o Partido Comunista, e candidatos de orientação conservadora, como José Antonio Kast, do Partido Republicano, que figurou no segundo turno da eleição anterior contra Gabriel Boric, atual presidente, em 2021.
Kast é considerado com maiores possibilidades de alcançar a Presidência.
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Haverá, no total, oito concorrentes na disputa, entre eles Evelyn Matthei, uma política conservadora do Partido da União Democrática Independente, que exerceu função parlamentar e foi prefeita de um município rico de Santiago.
Mattei ocupava a primeira posição no começo do ano, porém, posteriormente, perdeu força e busca retomar o ritmo. Ela figura atualmente em terceiro lugar, com 18%, conforme a mais recente pesquisa Cadem, publicada no domingo (14).
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Kast e Jara têm competido pela liderança nos levantamentos nas últimas semanas. Ambos também foram os responsáveis por maior parte dos confrontos verbais no primeiro debate televisado, ocorrido na última quarta-feira (10), com a participação dos oito candidatos.
O Cadem não evidenciou grandes variações após o debate, com Jara registrando 26% das intenções de voto (-2%) e Kast em 25% (-1%).
Cenário político distinto no Chile
Se José Kast for para o segundo turno, será o segundo que ele enfrenta nesta década, porém o cenário político é bastante distinto.
Gabriel Boric, que venceu Kast no segundo turno das eleições presidenciais de 2021 e não pode se candidatar à reeleição, trouxe à Presidência uma onda de otimismo para a esquerda. No entanto, isso se desfez em grande parte.
A vitória de Boric representou o ponto culminante de protestos em massa contra a desigualdade em 2019 e a eleição de uma assembleia amplamente independente e de esquerda em 2021, responsável por elaborar uma nova Constituição.
Os eleitores rejeitaram abertamente a Constituição progressista, e o aumento da criminalidade, a imigração e as dificuldades econômicas obrigaram o governo a alterar sua prioridade.
A segurança permanece uma questão delicada para muitos eleitores.
Apesar do Chile ainda se manter como um dos países mais seguros da América Latina, o aumento da violência, em grande parte causado pelo crime organizado, afetou a nação e impactou o desenvolvimento econômico.
“O crime é uma questão relevante no Chile, conforme demonstram os dados, mas o mais importante é a percepção de insegurança e o temor das pessoas”, afirmou Michael Shifter, analista sênior do Inter-American Dialogue e professor de estudos latino-americanos em Georgetown.
Considera-se uma clara divergência entre 2021 e 2025. Adicionalmente, essa tem se tornado uma questão cada vez mais relevante, afirmou.
Kast defendeu o encerramento das fronteiras, a instauração de presídios de segurança máxima para conter os chefes do crime organizado e o emprego de forças armadas em áreas com elevada criminalidade.
Jeannette Jara defendeu o incremento do investimento em policiamento, iniciativas sociais e a implementação de triagem biométrica na fronteira.
Controvérsia no Chile e em outros países da América do Sul
Caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos em 16 de novembro, ocorrerá um segundo turno em 14 de dezembro.
Apesar do Partido Republicano, liderado por Kast, ter desagradado os eleitores em 2023 devido à gestão da revisão constitucional, a esquerda enfrenta um cenário desfavorável no presente.
Michael Shifter considerou que ele é mais ideológico e mais de direita do que a maioria dos chilenos se sente confortável.
Mas, na hipótese de uma escolha entre ele e Jara, do Partido Comunista, ele teria a vantagem nessa disputa, declarou.
Dessa forma, a eleição no Chile pode representar uma nova reviravolta para a “onda rosada” que impulsionou candidatos de esquerda ao poder em diversas nações latino-americanas, após mudanças de orientação para a direita na Argentina, Bolívia e Equador.
A Colômbia e o Brasil realizarão eleições presidenciais no próximo ano, com os presidentes de esquerda em concorrência.
Shifter afirma que ambos os conflitos possuem elementos distintos, incluindo a direita dividida na Colômbia e o “fator Trump” no Brasil, onde a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente dos Estados Unidos contribuiu, em parte, para o aumento da popularidade do brasileiro.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.












