Câmara de Comércio dos EUA manifesta preocupação com tarifas aplicadas a produtos brasileiros

Documento aponta que a medida irá afetar ambos os países e solicita uma solução “negociada e construtiva”.

15/07/2025 14:43

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Câmara de Comércio dos EUA manifesta preocupação com tarifas aplicadas a produtos brasileiros
(Imagem de reprodução da internet).

A Câmara de Comércio dos EUA e a Câmara de Comércio Americana no Brasil divulgaram uma nota nesta terça-feira (15) criticando a decisão da Casa Branca de taxar em 50% os produtos brasileiros. No documento, as instituições pedem que os governos negociem para evitar as taxas, que seriam “prejudiciais” para os dois países.

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As câmaras argumentam que as tarifas constituem um risco para uma das relações mais relevantes dos Estados Unidos. O texto enfatiza que essa decisão geraria impactos para os consumidores americanos.

Aplicar tais medidas em resposta a tensões políticas mais abrangentes apresenta o risco de causar danos concretos a uma das relações econômicas mais relevantes dos Estados Unidos e estabelece um precedente alarmante. A alíquota de 50% afetaria produtos essenciais para as cadeias de abastecimento e os consumidores americanos, elevando os custos para as famílias e diminuindo a competitividade de setores-chave.

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As duas câmaras afirmam que mais de 6.500 pequenas empresas nos EUA dependem de produtos importados do Brasil, ao mesmo tempo em que 3.900 empresas americanas investem no país. “O Brasil é um dos dez principais mercados para as exportações dos EUA e o destino de quase US$ 60 bilhões em bens e serviços estadunidenses todos os anos”, complementa o texto.

A declaração ressalta que um vínculo comercial estável e produtivo beneficia os consumidores, assegura empregos e promove a prosperidade mútua, e solicita uma solução “negociada, pragmática, construtiva”, que evite o agravamento e preserve o comércio.

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O texto divulgado pelas duas casas legislativas surge em paralelo com o decreto assinado na segunda-feira (14) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O documento regulamenta a denominada Lei da Reciprocidade, que possibilitará ao país implementar ações em retaliação à taxa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para produtos brasileiros.

A intenção é regular os procedimentos que serão utilizados para a aplicação da lei aprovada pelo Congresso em abril, visando proteger o mercado interno e restabelecer o equilíbrio em relações comerciais consideradas desvantajosas ou hostis ao Brasil. O decreto também cria um comitê formado por representantes do governo e por empresários para discutir a sobretaxa imposta por Trump.

A legislação possibilita que o governo ignore o princípio da “nação mais favorecida” da Organização Mundial do Comércio, que garante tratamento comercial igualitário entre todos os membros da entidade. A norma, contudo, não se aplica a acordos bilaterais ou regionais, como os celebrados no âmbito do Mercosul. Desta forma, o Executivo pode adotar medidas em resposta a países ou blocos econômicos que impõem barreiras comerciais ilegais ou políticas ao Brasil.

O Brasil também tributará produtos americanos em 50% a partir de 1º de agosto, data em que as tarifas de Trump passarão a vigorar.

Estão previstas medidas como a aplicação de multas sobre a importação de mercadorias e serviços, além da suspensão de acordos ou obrigações comerciais. Em situações excepcionais, a legislação também permite interromper o reconhecimento de direitos de propriedade intelectual, incluindo o pagamento de royalties ou o reconhecimento de patentes.

A decisão dos EUA foi justificada por uma carta direcionada ao presidente Lula, que inicia com uma defesa de Jair Bolsonaro (PL) e críticas à maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente, considerada por ele uma “desgraça internacional”.

Ao comentar sobre o processo envolvendo Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), Trump afirma: “Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que precisa acabar agora”.

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) confirmou para jornais brasileiros, no início desta semana, que seguirá nos EUA, onde conduzirá uma cruzada pela anistia de seu pai e que teria influência na Casa Branca.

O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, confirmou que a taxa anunciada por Trump é uma reação ao Supremo Tribunal Federal e ao processo contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

A publicação no X (anteriormente Twitter) reproduz o discurso de Trump, afirmando que a carta do presidente americano acarreta “consequências muito esperadas ao Supremo Tribunal de Justiça e ao governo Lula por seus ataques à liberdade de expressão e ao comércio com os Estados Unidos”.

Os Estados Unidos estão acompanhando de perto os acontecimentos no Brasil.

Fonte por: Brasil de Fato

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.