Brasil tem potencial para mediar tensão entre EUA e Venezuela, diz Paulo Ramirez sobre política atual

Paulo Ramirez examina a disputa entre governo e Congresso, a sucessão na esquerda e a indicação de Messias ao STF.

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(Imagem de reprodução da internet).

Brasil como Mediador nas Negociações EUA-Venezuela

O cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Paulo Niccoli Ramirez, acredita que o Brasil desempenha um papel crucial nas negociações entre os Estados Unidos e a Venezuela, especialmente com o aumento das tensões militares na região. Ele sugere que o país pode ser o principal mediador para evitar a escalada do conflito, já que mantém diálogo com Washington e Caracas, sendo visto como uma liderança regional capaz de intermediar interesses divergentes.

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Ramirez afirma que “o grande país da região capaz de fazer uma intermediação para que não haja um conflito armado é o Brasil”. Ele observa que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora mantenha uma postura de respeito à soberania, atua nos bastidores para prevenir uma escalada militar.

O professor ressalta que o encontro entre representantes brasileiros e autoridades estadunidenses não se limitou a tarifas comerciais, mas também abordou a situação da Venezuela. “Apesar da declaração de Lula, que afirmou não ser responsabilidade do governo brasileiro se intrometer em assuntos da Venezuela, a questão venezuelana foi um dos temas discutidos entre Mauro Vieira [ministro das Relações Exteriores] e Marco Rubio [secretário de Estado] nos Estados Unidos”, afirmou.

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Indicação de Jorge Messias ao STF e Relação com Evangélicos

Sobre a possível indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), Niccoli destacou a estratégia política do presidente. “Escolher Messias visa criar uma boa imagem do presidente Lula perante o público evangélico e até mesmo dividir esse público, considerando que os ministros indicados por Bolsonaro [Kassio Nunes Marques e André Mendonça] eram vistos como ultra conservadores”, lembrou.

Ele acredita que a nomeação busca demonstrar que “nem todo evangélico é igual” e que há espaço para setores religiosos progressistas que apoiem o governo. “Estrategicamente, talvez seja mais interessante para Lula ter Messias do que [o ex-presidente do Senado] Rodrigo Pacheco”, avaliou.

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Desafios e Estratégias do Governo Lula

Na visão de Niccoli, a relação do governo com o Congresso continuará tensa, mas o presidente Lula tem adotado uma estratégia comunicacional mais eficaz. “É fundamental mobilizar a opinião pública por meio das redes sociais. Nos últimos meses, o PT tem conseguido reverter a desvantagem que tinha em relação à extrema direita nesse aspecto”, indicou.

Ele observa que, apesar das derrotas legislativas, o Planalto tem conseguido fortalecer sua imagem perante a população. “Lula tem utilizado uma estratégia que, mesmo sabendo que vai perder na Câmara, resulta em vitórias na opinião pública”, aponta.

Renovação de Lideranças na Esquerda

O professor também comentou sobre os desafios da sucessão política na esquerda e a necessidade de renovar as lideranças. “Lula precisa, no próximo mandato, preparar o terreno para novas lideranças carismáticas na esquerda. O [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad é um nome importante dentro do PT, mas não possui o carisma de Lula. O [deputado Guilherme] Boulos, do Psol, é visto como muito jovem ou com discursos que assustam as elites”, menciona.

Niccoli alerta que, sem essa transição, “2030 pode marcar o retorno da extrema direita”. “Se não houver preparação para um novo nome, a extrema direita pode voltar ao poder, trazendo um governo conservador, com mais privatizações e reformas sociais que afetarão os níveis de vida da população brasileira”, conclui.

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.

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