A aprovação direta de China e Rússia, membros do Conselho, não implica em qualquer consequência prática.
A declaração final da Cúpula do Brics de 2025, realizada no Rio, retomou um apoio explícito de Rússia e China, integrantes do Conselho de Segurança da ONU, com a entrada de Brasil e Índia no grupo. Esse endosso apareceu nos textos do bloco em 2022 e em 2023, mas foi substituído por versão mais indireta em 2024, após a cúpula em Kazan, na Rússia.
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Relembrando as Declarações dos Líderes de Pequim, de 2022, e Joanesburgo II, de 2023, China e Rússia, como membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, reafirmam seu apoio às aspirações do Brasil e da Índia de desempenhar um papel mais relevante nas Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança.
O Brasil e os países que não compõem o Conselho de Segurança defendem uma reforma do órgão. O argumento é que se faz necessária maior representatividade de regiões que se desenvolveram nas últimas décadas, tornando-se importantes para a geopolítica.
Reafirmamos nosso apoio a uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com o objetivo de torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e de aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho para que ele possa responder adequadamente aos desafios globais predominantes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo os países do BRICS, a desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança.
Em 2024, durante a visita da cúpula à Rússia, o texto apresentou menor ênfase no apoio às mudanças no Conselho de Segurança, excluindo referências a Brasil e Índia.
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A diplomacia reconhece uma vitória com a ocorrência de uma mudança semântica em declarações internacionais, o que não implica que haja algum efeito prático. Brasil e Índia não estão mais próximas de ingressar no Conselho de Segurança da ONU em 2024 do que estavam em 2024.
A declaração final da cúpula de Líderes do Brics, divulgada neste domingo (6.jul.2025), faz um gesto ao Irã ao condenar os ataques recentes ao país persa, mas não faz menção aos Estados Unidos e a Israel, autores dos bombardeios. Preserva também a Rússia, integrante do bloco, ao mencionar o conflito na Ucrânia.
O documento menciona Israel sete vezes, em passagens referentes aos conflitos na Faixa de Gaza, na Síria e no Líbano. Na última semana das negociações entre os países do bloco, os iranianos solicitaram uma postura mais firme, com respaldo da China e da Rússia. O país persa se tornou membro do bloco em 2023. Teerã não reconhece o Estado de Israel e costuma empregar termos como “regime sionista” para se referir ao país judeu.
O fortalecimento da declaração, contudo, encontrou resistência de países mais próximos dos Estados Unidos, como Índia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Egito. Esse grupo buscou evitar que o bloco, já muito alinhado à China, adquirisse um caráter mais anti-ocidental ou anti-Trump.
Em 24 de junho, o Brics divulgou um comunicado conjunto que condenou os ataques às instalações nucleares iranianas, sem mencionar diretamente Estados Unidos ou Israel. Na ocasião, o texto foi publicado horas após o anúncio de um cessar-fogo entre Irã e Israel. Esse documento serviu como base para a declaração publicada neste domingo. Os iranianos buscaram incluir no documento referências aos dois países.
Os países do Brics manifestam “profunda preocupação” com o aumento da situação de segurança no Oriente Médio, sobretudo em relação à questão nuclear.
A cúpula do BRICS, realizada em 6 e 7 de julho no Rio, apresenta baixa adesão. A ausência de figuras relevantes pode diminuir o impacto político da declaração final, que faz parte da estratégia de protagonismo internacional de Lula.
Quatro chefes de Estado não compareceram ao Brasil.
Enquanto o Brics evita mencionar os Estados Unidos e seu presidente, Donald Trump, o republicano já ameaçou o Brics em fevereiro com tarifas comerciais caso o dólar fosse abandonado nas transações comerciais entre os países integrantes.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.