Insegurança Alimentar no Brasil: Redução em 2024, Mas Desigualdades Persistem
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2024 revelou uma redução no número de lares brasileiros em situação de insegurança alimentar (IA) em todos os níveis em comparação com o ano anterior. Apesar disso, 54,7 milhões de pessoas ainda enfrentam dificuldades de acesso à nutrição adequada no território nacional. O estudo, conduzido no quarto trimestre de 2024, utilizou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para avaliar a percepção das famílias sobre a segurança alimentar e nutricional, com base nas respostas sobre preocupações com o acesso futuro a alimentos e a vivência da fome.
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Dados e Tendências da Insegurança Alimentar
Em 2023, 18,9 milhões de domicílios apresentavam algum grau de IA, representando 24,2% do total. Essa cifra diminuiu para 21,1 milhões em 2024 (27,6%), indicando uma melhora. Os níveis mais graves de IA – insegurança moderada (redução quantitativa de alimentos) e grave (privação quantitativa) – também apresentaram quedas. A insegurança moderada caiu de 5,3% para 4,5%, enquanto a grave diminuiu de 4,1% para 3,2% dos domicílios. Apesar da tendência geral de redução, a desigualdade regional persiste, com as regiões Norte e Nordeste apresentando as piores condições de insegurança alimentar.
Desigualdades Regionais e Demográficas
As regiões Norte e Nordeste registram os menores percentuais de domicílios em Segurança Alimentar (SA), com 62,4% e 65,2%, respectivamente. Em contrapartida, essas regiões detêm as maiores proporções de domicílios em insegurança alimentar. A região Sul apresentou a menor taxa de IA Grave (1,7%), seguida pelo Sudeste (2,3%). A concentração de domicílios com algum nível de falta de alimentação adequada é notável nas regiões mais populosas: o Nordeste (7,181 milhões de domicílios) e o Sudeste (6,623 milhões de residências). A análise também revelou que a maioria dos domicílios em situação de insegurança alimentar (59,9%) tinha mulheres como a pessoa responsável, e que a insegurança moderada foi o grau que apresentou a maior diferença entre homens e mulheres (61,9% para mulheres e 38,1% para homens).
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Fatores de Risco e Metodologia da Pesquisa
A pesquisa se baseia na EBIA, um instrumento com quatro graus de escala que mede a percepção cotidiana das famílias sobre a segurança alimentar e nutricional. As respostas coletadas se referem aos 90 dias anteriores à data da entrevista, abrangendo o período de julho a dezembro de 2024. A metodologia utiliza um questionário de 14 perguntas do tipo “sim” ou “não”, que abordam a preocupação ou incerteza em relação ao acesso futuro a alimentos e a vivência da fome. A classificação e os pontos de corte são diferentes para domicílios com a presença de pessoas com menos de 18 anos, reconhecendo a criticidade da situação quando a restrição alimentar atinge crianças e adolescentes.
