Atraso Escolar no Brasil: Desafios e Perspectivas
Quatro milhões e meio de estudantes brasileiros estão com dois anos ou mais atrasados na escola, representando 12,5% de todas as matrículas no país. Essa informação é revelada pelo Censo Escolar 2024, analisado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Apesar da melhora geral, o país ainda enfrenta desafios significativos no combate ao atraso escolar.
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A análise aponta para desigualdades marcantes, especialmente quando se considera a raça/cor e o gênero dos estudantes. A distorção idade-série é quase o dobro entre estudantes negros em comparação com os brancos, atingindo 15,2% contra 8,1%. Além disso, o atraso escolar afeta mais meninos do que meninas, com 14,6% entre eles e 10,3% entre as meninas.
A especialista em educação do Unicef no Brasil, Julia Ribeiro, enfatiza que o atraso escolar não deve ser visto como um fracasso individual do estudante, mas sim como um reflexo de fatores sociais e culturais. Ela destaca a importância de uma abordagem abrangente, envolvendo a família, governos, o terceiro setor e a comunidade escolar.
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“Quando falamos em fracasso escolar, muitas vezes responsabilizamos o estudante. Precisamos entender isso como uma cultura, como um conjunto de fatores que fazem ou que contribuem para que esses meninos e meninas comecem a reprovar, que eles entrem em uma situação de atraso escolar ou uma situação de distorção idade-série e fiquem mais propensos a abandonar a escola”, explica Ribeiro.
Uma das consequências mais preocupantes do atraso escolar é o abandono dos estudos. De acordo com o IBGE, embora os indicadores tenham melhorado, muitos adultos (25 anos ou mais) ainda não completaram o ensino médio. Em 2024, o país alcançou 56% da população adulta com ensino médio completo, um avanço em relação aos 46,2% registrados em 2016.
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A maior escolaridade possibilita uma maior participação cidadã na sociedade, além de conferir melhores salários e condições socioeconômicas. Segundo a OCDE, ter um diploma de ensino superior no Brasil pode mais que dobrar o salário.
Para enfrentar esse desafio, o Unicef, em parceria com o Instituto Claro e a Fundação Itaú, desenvolve a estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar, focada na elaboração, implementação e monitoramento de políticas de enfrentamento da cultura de fracasso escolar nas redes públicas de ensino. A diretora de Desenvolvimento Humano Organizacional, Cultura e Sustentabilidade da Claro, Daniely Gomiero, ressalta a importância de conhecer os desafios para estabelecer estratégias de enfrentamento.
