Brasil perde chance de adquirir lenacapavir: SUS enfrenta altos preços

Patentes sufocam o SUS com preços abusivos que inviabilizam acesso universal e igualitário à saúde.

30/09/2025 12:54

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(Imagem de reprodução da internet).

A Exclusão do Lenacapavir e as Desigualdades no Acesso à Saúde

A recente notícia sobre a disponibilização do lenacapavir, um medicamento injetável com quase 100% de eficácia contra o HIV, através de acordos entre as farmacêuticas indianas Dr. Reddy’s e Hetero, levanta sérias questões sobre o acesso equitativo à saúde. Inicialmente, o medicamento seria oferecido por US$ 40 por ano em países de baixa renda, mas essa promessa é rapidamente ofuscada por restrições que amplificam as desigualdades no acesso a tecnologias de saúde inovadoras.

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Restrições e Exclusão de Regiões

O acordo, que inclui apenas 115 países dentro da licença voluntária da Gilead, deixa de fora regiões de alta incidência do HIV, como grande parte da América Latina, partes da Europa Oriental, Ásia e África. A exclusão da América Latina, onde países como Argentina, Brasil, México e Peru participaram de ensaios clínicos cruciais que comprovaram a eficácia do lenacapavir, é particularmente preocupante. Essa exclusão aprofunda as desigualdades no acesso a tecnologias de saúde, comprometendo as metas globais de controle do HIV.

A Lógica Colonial e o Monopólio da Gilead

Essa situação revela uma lógica colonial da indústria farmacêutica: utiliza países do Sul Global como campo de testes, explorando suas populações, mas nega a essas mesmas comunidades o acesso aos resultados científicos que ajudaram a construir. A Gilead, com seu monopólio e a extensão de patentes que se estenderá até 2041, impede a produção de genéricos e mantém preços elevados, mesmo quando o custo real de produção é significativamente menor. Essa postura é antiética e incompatível com o direito à saúde e a justiça social.

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Impactos no Brasil e a Luta pela Soberania

No Brasil, a exclusão do lenacapavir ameaça a política de acesso a medicamentos, conquistada com décadas de mobilização da sociedade civil e do SUS. A luta se intensifica com a necessidade de quebrar monopólios, fortalecer a ciência local, ampliar a produção nacional e garantir que o acesso universal seja plenamente assegurado. A defesa da soberania e do direito constitucional à saúde são fundamentais para resistir a preços abusivos e garantir que o SUS incorpore tecnologias capazes de salvar ou melhorar milhões de vidas.

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Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.