Racismo e Genocídio Negro no Brasil
A cada ato de genocídio negro que é televisionado, o Brasil reafirma que o racismo é a base do Estado e o limite da sua democracia. A Chamada Geral Contra a Morte, promovida por diversas organizações do movimento negro brasileiro, ocorrerá nesta sexta-feira (31), às vésperas do Novembro Negro, como uma resposta ao massacre no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
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O país assistiu, de forma televisionada, à chacina mais letal da história do Rio de Janeiro. As imagens, que permanecem na memória coletiva, evocam as palavras da filósofa Sueli Carneiro, que destaca a presença de dispositivos de racialidade que expõem o racismo em sua forma mais crua, um fator determinante para a constituição e manutenção da sociedade.
Reflexões sobre a Violência e o Racismo
Não pode ser normal ver corpos negros estirados nas ruas sem refletir sobre a banalidade e a indiferença que se instauram, sendo apresentadas como parte de uma “grande operação bem-sucedida”. Nessa lógica, corpos negros se tornam estatísticas e suas famílias enfrentam julgamentos e condenações.
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Em 1978, foi lançada a primeira edição de “O Genocídio do Negro Brasileiro: Processo de um Racismo Mascarado”, uma obra que influenciou gerações a denunciar as tecnologias de morte promovidas pelo racismo, seja pela eliminação física ou pela manutenção do complexo industrial-prisional, que sustenta o encarceramento em massa da população negra.
O Genocídio e suas Implicações
No último dia 28 de outubro, foi urgente revisitar como o genocídio do povo negro brasileiro continua a se manifestar com novas complexidades e investimentos. Ao analisar os vídeos e cenas de violência, percebe-se que essas imagens são descartáveis e reeditadas pela grande mídia, que as reinscreve em uma narrativa sustentada pelo racismo, naturalizando o genocídio negro.
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A dissertação de mestrado da socióloga Vilma Reis, “Atucaiados pelo Estado”, aborda como os discursos sobre segurança pública e as representações raciais sustentam medidas que criminalizam jovens negros e seus territórios. Estudos como esses evidenciam as urgências dos territórios racializados, que enfrentam um racismo letal com o objetivo de “tirar de circulação” suas populações.
A Resposta do Movimento Negro
O assassinato de 132 vidas, conforme dados divulgados, revela o terror de Estado que muitos territórios racializados vivenciam diariamente. A resposta política das organizações do movimento negro é crucial para evitar que novos “28 de outubro” se tornem cenas comuns.
A concepção de democracia proposta pelas organizações do movimento negro vai além de um simples sistema de governo. O manifesto “Enquanto houver racismo, não haverá democracia” expressa essa urgência e a força política do movimento negro brasileiro, que busca contribuir de forma incisiva para o debate sobre o direito à vida plena da população negra.
