O Brasil tem registrado um número preocupante de casos de exploração e abuso sexual infantil online. Dados recentes, divulgados pelo relatório anual do NCMEC (National Center for Missing & Exploited Children), apontam para 593 mil denúncias em 2024.

Essa organização americana é a principal fonte de alertas para as autoridades brasileiras, refletindo a gravidade da situação.

O volume de denúncias representa uma média de mais de uma ocorrência a cada minuto ao longo do ano passado. O Ministério de Justiça e Segurança Pública (MJSP) observou um aumento significativo, com a média diária de denúncias subindo para 2,5 mil, um valor que continua a crescer.

Novas Estratégias para Combate aos Crimes

Diante desse cenário, o governo está implementando medidas para fortalecer o combate a esses crimes. Em março de 2026, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Digital será colocado em prática. Essa iniciativa visa obrigar provedores de internet no Brasil a remover e comunicar conteúdos de abuso e aliciamento que forem detectados em suas plataformas.

Além disso, o MJSP planeja a criação de um Centro Nacional de Triagem. A estrutura terá a função de centralizar o recebimento e a organização das denúncias, articular ações entre policiais e órgãos de proteção, garantir a retirada imediata de conteúdos e preservar a custódia de provas para processos judiciais.

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Ameaças Emergentes: IA e Deepfakes

O relatório do NCMEC também alerta para um novo e perigoso cenário: o uso crescente de Inteligência Artificial (IA) para criar deepfakes – simulações digitais hiper-realistas que substituem o rosto ou a voz de pessoas reais. O uso de deepfakes sexualizados de crianças tem aumentado drasticamente, com um salto de 1.325% entre 2023 e 2024, elevando o número de casos de 4,7 mil para 67 mil.

As estatísticas globais são ainda mais alarmantes. No primeiro semestre de 2025, o número de registros ultrapassou 440 mil. Paralelamente, a extorsão sexual financeira também tem se mostrado uma modalidade em ascensão, com uma média de 100 denúncias diárias em nível mundial.

Atenção e Investigação

A Interpol destaca que a idade dos agressores no ambiente digital está diminuindo, com adolescentes fiando tanto com vítimas quanto como praticantes de crimes. Especialistas da SaferNet Brasil recomendam que pais e responsáveis mantenham atenção a mudanças de comportamento e isolamento social dos jovens.

A ONG investiga se o aumento de registros no Brasil está relacionado ao maior uso de grupos em aplicativos como Telegram para disseminação de material ilícito. É crucial que a sociedade esteja atenta e engajada na busca por soluções para proteger nossas crianças e adolescentes.