Bolsonaro e seus aliados admitiram esquema golpista em reunião com ministros, afirma Moraes em despacho

O relator declara que a reunião em julho de 2022 não constituiu um ato governamental, sendo sim uma etapa de planejamento para um golpe de Estado.

09/09/2025 12:41

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Bolsonaro e seus aliados admitiram esquema golpista em reunião com ministros, afirma Moraes em despacho
(Imagem de reprodução da internet).

O ministro Alexandre de Moraes continuou na terça-feira, 9, a leitura de seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados acusados de integrar a trama golpista.

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O relator apontou a reunião ministerial de 5 de julho de 2022 como um dos pontos cruciais da organização criminosa. Para Moraes, o encontro, ocorrido na véspera das eleições, representaria uma admissão de culpabilidade do grupo em relação ao plano de ruptura democrática.

Não se tratou de uma reunião ministerial, foi uma reunião golpista, avaliou o relator ao citar que o encontro, segundo a investigação, buscou arregimentar servidores e autoridades para a tentativa de golpe. “Não há confissão maior”, disse Moraes ao mencionar que o próprio teor da reunião comprova a unidade de propósitos entre os réus.

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Para fundamentar sua alegação, o ministro mencionou inúmeras declarações proferidas por Bolsonaro, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno no encontro. Todas as falas, segundo ele, convergiam para a preparação de ações contra a Justiça Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal. Dentre os registros citados, destaca-se o que Heleno afirma sobre “se tiver que virar a mesa, tem que ser antes das eleições” e a frase em que Bolsonaro declara estar em “guerra”.

O ex-presidente, segundo Moraes, atacou diretamente ministros do STF, acusando-os de corrupção sem apresentar provas. O relator destacou que, questionado em interrogatório, Bolsonaro admitiu não ter nenhuma evidência para as acusações, mas reiterou que faria as mesmas insinuações contra outros ministros. “Mais do que ofender pessoalmente, o objetivo era descredibilizar o Judiciário como um todo”, disse Moraes.

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Em reunião, Anderson Torres apoiou os ataques de Bolsonaro e informou ter criado um grupo de policiais federais para agir de forma mais direta durante as eleições. Para Moraes, essa estratégia se concretizou no segundo turno, em 30 de outubro de 2022, quando a Polícia Rodoviária Federal buscou dificultar o acesso de eleitores às urnas em algumas regiões do país.

O relator também relembrou a declaração de Augusto Heleno, que afirmou ser preciso “agir contra certas instituições e contra certas pessoas”. Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, complementou o discurso afirmando que estava “na linha de frente” para combater os supostos inimigos.

Para Moraes, todas essas afirmações comprovam a coordenação que levaria à denominada “minuta do golpe”, documento que previa prisões, o fechamento do TSE, a criação de uma comissão eleitoral e até mesmo um gabinete de crise pós-golpe.

A reunião poderá ser vista como um dos maiores entreguismos nacionais. Na realidade, revelou-se uma preparação para transformar o Brasil em colônia, não mais de Portugal, mas de um golpe contra a própria democracia, em referência indireta à articulação de Eduardo Bolsonaro contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.

O processo segue na Primeira Turma do STF. Acompanhe ao vivo:

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.