O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e quatro militares de alta patente foram condenados pelo STF por tentativa de golpe de Estado. É a primeira vez que um ex-presidente é punido por conspirar contra a posse constitucional de seu sucessor. Os demais condenados são quatro oficiais-generais.
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O julgamento do Supremo Tribunal Federal visa encerrar a trajetória política de Bolsonaro, que começou com atos de insubordinação no Exército e se consolidou como um deputado federal por muitas décadas, culminando na presidência da República, quando foi visto como um “mito” por parte do eleitorado brasileiro. Ao longo de sua trajetória, Bolsonaro manteve uma preferência por medidas extraordinárias e, após ser eleito, demonstrou vontade de questionar os mecanismos de controle institucional que restringiam suas ações.
Dessa forma, sua condenação possui um evidente valor simbólico. Contudo, dificilmente pode ser vista como uma mudança significativa. Em primeiro lugar, porque o populismo — seja ele bolsonarista ou não — é um fenômeno em expansão e encontra no Brasil uma tradição bastante estabelecida. Essa tendência é reforçada pela crescente desilusão do eleitorado com os partidos políticos, com o desempenho das instituições e com o próprio sistema de governo.
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Bolsonaro foi condenado por uma instância – o STF – que, para uma parcela significativa da população, desempenha um papel direto na disputa política. Para esses indivíduos, o Supremo é responsável pela retomada do poder de Lula, sendo, portanto, um executor de uma suposta vingança e perseguição política.
Não se estabeleceu, ainda, quem assumirá a posição deixada por Bolsonaro como chefe de um grupo político e eleitoral tão amplo. Pode ser que não haja substituto. O que se constata é que o descontentamento da população, a desconfiança nas instituições e a insatisfação com o denominado “sistema” persistem, com grande força e representatividade popular.
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Nesse cenário, o julgamento e a condenação de Bolsonaro constituem apenas mais uma fase de um confronto político cada vez mais fragmentado e extremado – uma disputa que, inclusive, envolve a atuação de um país detentor de grande poder.
Fonte por: CNN Brasil