A Polícia Federal, em relatório que indiciou Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por obstrução nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, apontou que havia um “cenário de ações previamente ajustadas” entre o ex-presidente e o representante judicial da empresa Rumble, Martin de Luca.

Os investigadores mencionaram o envio, pelo advogado da Trump Media, de uma petição apresentada à justiça dos Estados Unidos em 14 de julho, que teria como objetivo suplementar uma ação movida contra o ministro Alexandre de Moraes.

O diálogo configura indício relevante que demonstra desvio em relação à finalidade das pretensões deduzidas pela empresa na ação contra o Ministro do Supremo Tribunal Federal.

Na operação de buscas e apreensão em 17 de julho, apreendeu-se uma cópia do documento traduzida para o português na mesa de trabalho do ex-presidente.

De acordo com a investigação, o ponto em comum entre Martin De Luca e Jair Bolsonaro é o interesse em “amplificar ataques direcionados ao Supremo Tribunal Federal, na pessoa do ministro Alexandre de Moraes”.

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De acordo com a PF, os ataques teriam o objetivo de macular a imagem do Poder Judiciário nacional, visando deslegitimar as decisões judiciais que entravam em choque com interesses compartilhados entre o ex-presidente e a plataforma Rumble.

Em um diálogo notável da Polícia Federal, Jair Bolsonaro — por meio de uma mensagem de áudio — solicita orientações ao advogado da Trump Media sobre uma publicação que seria feita nas redes.

“Martin, peço que me oriente também, me desculpe aqui está, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Está certo? Com quatro pequenos parágrafos, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade está muito acima da questão econômica”, disse Bolsonaro, segundo a PF.

A busca também a meu respeito, algo que me sinto muito… fico muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da sua parte, que eu possa fazer aqui, colocar nas minhas mídias, para chegar a vocês de volta aqui. Obrigado aqui. Valeu, Martin, prosseguiu o ex-presidente.

O advogado responderia informando que enviaria a nota no mesmo dia e que o comunicado seria um resumo de como a comunicação poderia ser aprimorada em relação à tarifação.

Para os investigadores, o áudio demonstra que Bolsonaro atua de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros, em alinhamento previamente condicionado ao atendimento de pretensões dissociadas ao interesse nacional, direcionadas a vulnerar a independência dos poderes constituídos, especialmente o poder Judiciário, por meio de atos de cotação ao seu órgão de cúpula, e a soberania nacional.

Fonte por: CNN Brasil