A maior frota da América do Sul realiza um “bloqueio total” na Venezuela, declarado por Donald Trump. Entenda as implicações históricas e atuais dessa ação!
A maior frota já reunida na história da América do Sul está realizando um “bloqueio total” de navios sancionados que transportam petróleo da Venezuela, conforme declarado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na semana passada, diversos petroleiros sancionados estavam no Caribe, e essa ação é considerada um ato de guerra segundo o direito internacional.
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A menção a bloqueios na região remete ao histórico bloqueio de Cuba em 1962, durante a Crise dos Mísseis. No entanto, outros bloqueios significativos ocorreram na América Latina, sendo um dos mais notáveis o que aconteceu na Venezuela há mais de um século.
Em 1902, navios de guerra da Alemanha, Itália e Reino Unido bloquearam os portos venezuelanos em meio a uma crise financeira, resultante da incapacidade da Venezuela de saldar suas dívidas. Sob a liderança de Cipriano Castro, o país enfrentava um período de instabilidade interna e dificuldades econômicas.
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Após a suspensão dos pagamentos da dívida externa em 1901, um grupo de países europeus, liderado por Berlim, Londres e Roma, mobilizou suas frotas para exigir compensações. A operação militar europeia chamou a atenção do presidente Theodore Roosevelt, que invocou a Doutrina Monroe, defendendo a influência americana na América.
O governo argentino foi o único a protestar oficialmente contra as ações das potências europeias. Em dezembro de 1902, o ministro das Relações Exteriores, Luis María Drago, afirmou que a dívida pública não justificava a intervenção armada.
Essa posição se tornou um pilar do direito internacional.
A crise foi resolvida com os Protocolos de Washington, assinados em 1903, que estabeleceram um regime de pagamentos mais favorável para a Venezuela em troca do fim do bloqueio.
Após a Revolução Cubana de 1959, os Estados Unidos impuseram um embargo a Cuba, que se transformou em um bloqueio total em 1962, durante a Crise dos Mísseis. Esse período foi marcado por tensões entre os EUA e a União Soviética, culminando em negociações que evitaram um conflito nuclear.
O bloqueio, que envolveu uma força-tarefa naval americana, foi suspenso em 20 de novembro de 1962, após a retirada dos mísseis soviéticos de Cuba. Durante esse tempo, navios de guerra de aliados dos EUA, como Argentina e Reino Unido, também participaram da operação.
Além dos casos da Venezuela e Cuba, a América Latina vivenciou outros bloqueios no século XX, como durante a Guerra das Malvinas em 1982, quando o Reino Unido impôs um bloqueio às Ilhas Malvinas após a invasão argentina.
A Marinha dos EUA também implementou bloqueios durante as invasões de Granada em 1983 e do Panamá em 1989, como parte de operações militares que resultaram em vitórias americanas. Esses bloqueios eram diferentes dos anteriores, pois visavam operações militares diretas.
Em 2025, a América Latina se depara novamente com a realidade de um bloqueio, desta vez na costa venezuelana. O alcance e a natureza dessa nova ação permanecem incertos, mas a declaração de Trump indica que a Venezuela está cercada e que ninguém conseguirá ultrapassar o bloqueio naval imposto.
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.