O aumento da influência do Brics no cenário global configura-se como um desafio à hegemonia dos Estados Unidos, conforme destaca a cientista política Vera Chaia, pesquisadora do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ela declara que o bloco tem gerado grande incômodo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O BRICS inclui China, Índia, Rússia, África do Sul, Brasil e agora diversos outros países, como Irã, que é um adversário perigoso dos Estados Unidos e de Israel. É uma força política relevante, uma força econômica que se destaca e que já se opõe aos Estados Unidos, afirma Chaia.

Segundo ela, um dos principais pontos de discordância é a chance dos países do Brics deixarem o dólar como moeda padrão em negociações internacionais.

Ela considera que a maior rivalidade que Trump possui é em relação ao BRICS, a possibilidade do dólar se tornar moeda corrente nesse conglomerado ou nesse conjunto de países.

Chaia ressalta que a atitude de Trump em relação ao Brics reflete sua tentativa de preservar a hegemonia dos Estados Unidos por meio de pressão e chantagem. “Ele age realmente sob pressão, chantageando e se colocando como o senhor do céu, o senhor do inferno”, critica.

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A cientista política também comentou o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com lideranças progressistas da América Latina e com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, para discutir maneiras de fortalecer a democracia frente à crescente onda autoritária global. Ela considera a articulação deste domingo (20) como correta.

É importante a adoção dessa política externa porque [o Brasil] tem que fazer amigos, colegas, companheiros, e ter uma base sólida para enfrentar esse governo americano, de extrema-direita, em que o presidente faz aquilo que ele quer na vida das pessoas e na vida econômica. Eu acho bem salutar, declara.

A pesquisadora considera Lula uma das maiores referências no cenário progressista mundial. A união dessas lideranças demonstra que o Brasil representa a esquerda, sendo Lula o dirigente de esquerda mais antigo, diferentemente dos demais. Essa atuação conjunta é fundamental, pois “um sozinho não faz ver.”

Para Chaia, apesar dos limites e das dificuldades internas, o ato de união entre os países representa um esforço diplomático importante diante da pressão dos Estados Unidos. Ela também avalia que a resposta da Colômbia, com as deportações de imigrantes nos EUA e do Brasil, e as tarifas sobre os produtos exportados, demonstram que há disposição na região em adotar posturas contrárias aos EUA.

Para audir e visualizar.

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Fonte por: Brasil de Fato