Relatório do BID revela que América Latina pode aumentar produção per capita em 11% e reduzir desigualdade em 6% com mercados mais competitivos
A América Latina e o Caribe têm potencial para elevar sua produção per capita em 11% e diminuir a desigualdade em 6% ao tornarem seus mercados mais competitivos. Essa informação foi revelada em um novo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), divulgado nesta quinta-feira (11).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O estudo destaca a concorrência fraca como um dos principais fatores que impedem a região de transformar anos de progresso macroeconômico em ganhos sustentáveis de produtividade.
Segundo o relatório, os mercados latino-americanos são, em média, “quatro vezes mais concentrados do que os das economias avançadas”. Essa concentração impacta diretamente preços, salários e o crescimento das empresas. O BID afirma que um aumento na concorrência poderia não apenas elevar a produtividade, mas também expandir o emprego formal e fortalecer a capacidade fiscal da região.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O estudo sugere que, se a América Latina alcançasse níveis de concorrência semelhantes aos das economias desenvolvidas, o PIB per capita poderia ser aproximadamente 11% maior, com uma redução significativa na desigualdade. Essa transformação é vista como crucial para melhorar os padrões de vida na próxima década.
Ilan Goldfajn, presidente do BID, enfatizou que os mercados desempenham um papel ativo no desenvolvimento econômico. Ele destacou que, quando a concorrência é efetiva, o setor privado se torna mais capaz de criar empregos, fomentar a inovação e oferecer melhores resultados para trabalhadores e consumidores.
Apesar dos avanços nos últimos 30 anos, como a estabilização financeira e a expansão da educação, o crescimento econômico na região ainda é considerado baixo. Matias Busso, economista-chefe do BID, ressaltou que a concorrência é fundamental para que as empresas reduzam preços, aumentem a produção e ofereçam salários mais altos.
O relatório também aponta que, para custos de produção semelhantes, os consumidores da América Latina e do Caribe pagam cerca de 15% a mais do que os de economias avançadas, enquanto os salários líquidos são relativamente menores.
Corrigir as distorções do mercado é um desafio complexo. O relatório observa que a concorrência não surge espontaneamente, e os governos têm um papel importante na criação de mercados mais competitivos por meio de melhor infraestrutura, regulamentações mais eficazes e instituições mais robustas.
A fragmentação é um dos principais obstáculos, com muitas cidades enfrentando problemas de conectividade e altos custos logísticos, o que limita o acesso ao mercado de trabalho e mantém as empresas pequenas e isoladas. Além disso, a regulamentação muitas vezes atua como uma barreira à entrada, desestimulando novos empreendedores.
Busso destacou que essa dinâmica resulta em uma escassez de empresas de médio porte, que são essenciais em outras economias para pressionar as empresas estabelecidas a inovar e reduzir preços. As deficiências institucionais também dificultam a concorrência, já que as agências reguladoras na região geralmente têm orçamentos e equipes menores do que suas contrapartes em economias desenvolvidas.
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.