Barco histórico de 22 metros, encontrado na construção da COP30, foi restaurado e será exposto

O achado arqueológico está relacionado ao período do Ciclo da Borracha e deve auxiliar na reflexão sobre o desenvolvimento urbano de Belém e a interação…

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(Imagem de reprodução da internet).

A embarcação de metal descoberta nas escavações do Parque Linear da Nova Doca, uma das obras da COP30 em Belém, está sendo restaurada após um processo cuidadoso de conservação desenvolvido entre fevereiro e julho deste ano.

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O item está atualmente sendo submetido a inspeções finais, as quais devem identificar eventuais áreas que necessitam de reparo na camada de acabamento antes de ser apresentado ao público.

O navio foi recuperado em três fases e conduzido a um laboratório localizado próximo ao Porto Futuro I, local que posteriormente poderá ser aberto à visitação.

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O navio, com 22 metros de comprimento, é um dos principais achados arqueológicos do projeto da Nova Doca, vinculado ao período do Ciclo da Borracha, entre o século XIX e o início do século XX.

O casco da embarcação indica um modelo de origem europeia ou americana, fabricado entre a segunda metade do século XIX e o começo do século XX. Nesse período, que marcou o auge do Ciclo da Borracha, embarcações com casco metálico, mais robustas e aptas para transportar grandes quantidades, passaram a ser comuns, segundo a arquiteta Tainá Arruda, responsável pela sua conservação.

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O processo de restauro.

Uma equipe multidisciplinar, composta por arquitetos, engenheiros, arqueólogos, museólogos, conservadores e profissionais da construção civil, foi mobilizada. Diversos testes foram realizados para estabelecer estratégias de conservação.

Arruda apontou que o principal desafio foi a questão da fragilidade da estrutura, que estava submersa por longos períodos em condições úmidas, apresentando forte corrosão.

Era preciso um cuidado especial com o material, visto que suas características são afetadas pela exposição ao ar livre. Além disso, a montagem de uma estrutura elevada ao solo para o processo de restauração representou um desafio, devido ao peso da embarcação, ressaltou.

Foram identificados, além do navio, vestígios de cerâmicas e garrafas, com idade entre 200 e 300 anos, que correspondem aos períodos da colonização, Império e início da República.

“Esses achados fazem parte da história de Belém e auxiliam na compreensão das transformações urbanas e sociais que ocorreram na região”, acrescenta o arqueólogo Kelton Mendes.

Importância histórica

O achado arqueológico, segundo o pesquisador, contribui para reflexões sobre a formação urbana de Belém e a relação da população com rios e igarapés, que antes serviam como vias de circulação e foram sendo aterrados ao longo do tempo.

As embarcações de metal da época do Ciclo da Borracha eram cruciais para a economia local, ligando Belém a cidades e áreas de extração de látex, transportando produtos como borracha, cacau, castanha e madeira.

Parque Linear Doca Nova

A Nova Doca, que compõe os preparativos do Governo do Pará para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), alcançou 97% de conclusão.

O local oferecerá áreas de lazer, esportes, convívio, quiosques, mirante, jardins, espaço para eventos, academia ao ar livre e fonte interativa.

A intervenção é fruto de colaboração entre o Governo do Pará e o Governo Federal, por meio da Itaipu Binacional, com a execução da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop). Serão contemplados 1,2 km do canal com serviços de drenagem, urbanização, ciclovia, paisagismo e novas passarelas.

Lembre-se da descoberta.

O navio foi encontrado em 13 de janeiro, durante as primeiras obras do Parque Linear, na Avenida Visconde de Souza Franco, no bairro da Campina.

A descoberta acionou pesquisadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que avaliaram o objeto como singular para a região, visto que não existem registros de achados análogos em obras públicas no Centro Histórico de Belém.

Após a descoberta, a Seop isolou a zona e interrompeu temporariamente as construções adjacentes ao sítio arqueológico, assegurando sua proteção. O deslocamento do artefato ocorreu em três fases, com supervisão especializada.

Fonte por: CNN Brasil

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.

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