O Barcelona comunicou na sexta-feira (11.jul.2025) o contrato de patrocínio com o Conselho de Turismo da RDC (República Democrática do Congo) no valor de 10 milhões de euros (R$ 65,1 milhões). A equipe exibirá a frase “RDC, o coração da África” nos braços das camisas a partir da temporada 2025/2026, mesmo com alertas de segurança emitidos por governos europeus e relatos de violações de direitos humanos no país.

O ministro do Turismo e Esporte da RDC, Didier Budimbu, esteve em Barcelona para concluir os acordos. O entendimento contempla parcerias entre a Fundação Barcelona e instituições congalesas, além do desenvolvimento do turismo no país.

A Anistia Internacional apresentou em relatório de 2024 um cenário preocupante de abusos no país africano. As forças governamentais realizaram pelo menos 250 execuções sem processo legal, enquanto grupos armados como M23, ADF e CODECO assassinaram centenas de civis em ataques indiscriminados. A violência sexual atingiu patamares epidêmicos: mais de 133 mil casos foram registrados em 2023, com um aumento expressivo de estupros em áreas de conflito no início de 2024. Aproximadamente 40% das vítimas são meninas, de acordo com a Unicef.

O país possui 7,3 milhões de deslocados internos vivendo em condições precárias, frequentemente alvos de ataques nos próprios campos de refugiados. O governo estabeleceu estado de sítio desde 2021 em duas províncias, restringindo liberdades civis e prendendo arbitrariamente jornalistas, ativistas e opositores. O ministro da Justiça ordenou ações contra ativistas LGBTQIA+ – anteriormente, como deputado, anunciou projeto para criminalizar relações entre pessoas do mesmo sexo.

O Ministério das Relações Exteriores da Espanha classifica a República Democrática do Congo como um país com “situação de segurança muito frágil”. A instituição desaconselha viagens “sob qualquer pretexto” para as províncias de Ituri, Kivu Norte, Kivu Sul e Tanganika, classificadas como “zonas de alto risco”. Kinshasa, a capital, e o restante do território são considerados “zonas de risco médio”. “Não há área sem problemas de segurança no país”, alerta o governo espanhol.

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A instituição em questão também emite alertas sobre “sequestros repentinos” envolvendo cidadãos de outros países em Kinshasa, frequentemente praticados por indivíduos que se passam por policiais. Recomenda-se evitar percursos a pé nas cidades congolesas, principalmente à noite.

O DRC confronta combate armado com o grupo rebelde M23, com apoio de Ruanda, o que causou um grande número de mortes. A ministra das Relações Exteriores congolesa, Thérèse Kayikwamba Wagner, declarou que 4 mil soldados ruandeses estão ativos no país.

Em fevereiro de 2025, Wagner criticou Arsenal, Bayern de Munique e PSG (Paris Saint-Germain) devido aos patrocínios com o Ministério do Turismo de Ruanda, através da marca “Visit Rwanda”. Ela acusou o país vizinho de financiar grupos responsáveis por “estupros, assassinatos e roubos”. Wagner solicitou que os três clubes “pensassem cuidadosamente” se Ruanda se alinha com seus valores. Ninguém respondeu publicamente.

O Arsenal mantém acordo com Visit Rwanda desde 2018. O último patrocínio foi estimado em mais de US$ 12 milhões. A parceria garante a presença da marca turística ruandesa nas mangas desde 2018. O presidente ruandês Paul Kagame, torcedor declarado do Arsenal, frequentemente comparece aos jogos.

O Bayern de Munique firmou parceria de 5 anos com Ruanda em 2023. Organizações de direitos humanos acusam o clube alemão de “sportswashing”, prática de usar o esporte para melhorar a imagem de regimes questionáveis. O Bayern justifica a parceria, alegando que impulsiona o desenvolvimento esportivo na África.

O PSG firmou parceria com Visit Rwanda em 2019, com investimento de 8,7 milhões a 10 milhões de dólares. O contrato foi renovado em 2023 e em abril de 2025, mantendo-se válido até 2028.

A própria RDC critica Ruanda, ao mesmo tempo em que busca acordos semelhantes. Além do Barcelona, o país firmou parceria similar com o Milan, anunciada oficialmente em 20 de junho. O Monaco também mantém acordo com o governo congolês.

O Barcelona tem dificuldades para atender às normas do fair play financeiro da Liga Espanhola. Na temporada anterior, não obteve sucesso em cumprir a regra 1:1, que restringe gastos acima das receitas. Para elevar a arrecadação, a diretoria realizou a venda de 49,5% da Barça Vision, negociou 25% dos direitos de transmissão da La Liga por 25 anos, alugou 475 assentos VIP por 30 anos, renegociou o contrato com a Nike e vendeu os direitos de patrocínio do Camp Nou ao Spotify.

O atual campeão espanhol faz sua estreia na temporada 2025/2026 em 17 de agosto, contra o Mallorca.

Fonte por: Poder 360