Bangladesh acusa ex-premiê indiano por mortes de estudantes em protestos
Tribunal especial denuncia Sheikh Hasina por crimes contra a humanidade em repressão a manifestantes.

Um tribunal especial do Bangladesh indiciou a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina por crimes contra a humanidade ligados à repressão de protestos estudantis que causaram centenas de mortes em 2024. O painel de três juízes também acusou o ex-ministro do Interior Asaduzzaman Khan e o ex-chefe de polícia Chowdhury Abdullah Al-Mamun.
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Hasina e Khan estão sendo julgados em separado, enquanto Al-Mamun compareceu ao tribunal. De acordo com informações da AP (Associated Press), o painel, liderado pelo juiz Golam Mortuza Mozumder, aceitou 5 acusações contra os indiciados, todas relacionadas à repressão às manifestações.
As acusações foram apresentadas após a queda do governo Hasina, em 5 de agosto de 2024, quando ela se exilou na Índia, onde reside atualmente. O governo interino de Bangladesh, sob a liderança do vencedor do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, solicitou formalmente à Índia a extradição da ex-primeira-ministra, porém até o momento não recebeu resposta.
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As ações que levaram às acusações ocorreram em meio a protestos estudantis contra o governo Hasina em 2024. A repressão aos manifestantes provocou uma revolta popular que resultou na sua queda no poder em agosto do mesmo ano.
Em janeiro deste ano, o tribunal sentenciou Hasina a seis meses de prisão por desrespeito ao Judiciário, após uma declaração da ex-primeira-ministra de que possuía licença para matar pelo menos 227 indivíduos. Uma gravação atribuída a Hasina afirma: “Existem 227 processos contra mim, portanto, agora tenho licença para matar 227 pessoas”. Esta foi a primeira sentença em qualquer caso envolvendo Hasina desde que ela deixou o país.
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O julgamento foi agendado para 3 de agosto de 2025 com a abertura da acusação e 4 de agosto para o registro dos depoimentos das testemunhas. O ex-chefe de polícia Al-Mamun admitiu sua culpa e comunicou ao tribunal que apresentaria um testemunho a favor da acusação em uma etapa posterior.
A acusação alega que Hasina foi diretamente responsável por ordenar que todas as forças estatais, seu partido Awami League e seus associados realizassem ações que resultaram em assassinatos em massa, ferimentos, violência direcionada contra mulheres e crianças, incineração de corpos e negação de tratamento médico aos feridos. As acusações descrevem a ex-primeira-ministra como a “mentora, condutora e comandante superior” das atrocidades.
Em fevereiro de 2025, o Escritório de Direitos Humanos da ONU estimou que até 1.400 pessoas podem ter sido mortas em Bangladesh durante três semanas de repressão aos protestos e nas duas semanas seguintes à sua ocorrência em 5 de agosto.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.