Ayahuasca se faz presente internacionalmente em Girona em 2026
Fórum mundial coorganizado por 50 etnias das Américas do Sul e do Norte acontecerá na Espanha em setembro do próximo ano. Leia no Poder360.

De 9 a 11 de setembro de 2026, Girona (a uma hora de Barcelona) será sede do 1º Fórum Mundial da Ayahuasca, que se apresenta como um dos encontros mais simbólicos e importantes do nosso tempo. O anúncio foi feito durante a Psychedelic Science Conference, que acontece nesta semana em Denver, nos EUA. O Poder360 acompanha do Colorado as discussões mais relevantes sobre ciência, economia e cultura psicodélica.
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O evento agendado para o próximo ano é resultado da parceria entre o Instituto Yorenka Tasorentsi e o Iceers (International Center for Ethnobotanical Education, Research and Service), representando um marco histórico. Pela primeira vez, um espaço global de debate sobre a ayahuasca será coorganizado por líderes indígenas, com capacidade de decisão efetiva, e não apenas consultiva, reunindo mais de 50 etnias que se unem para a realização do encontro.
Este fórum não surge do nada. É o desdobramento natural de 5 edições da Conferência Indígena da Ayahuasca e de 3 da World Ayahuasca Conference. No entanto, ao unir esses dois mundos, dos povos originários e da ciência e políticas internacionais, o evento anuncia algo novo, um processo dialógico provocado por discussões entre líderes espirituais das comunidades indígenas e empresários do setor psicodélico – oportunidade singular para a interação e a troca de ideias entre ambos os universos.
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Girona não foi selecionada por acaso. Ao realizar o evento fora da Amazônia, os líderes indígenas buscam ressignificar rotas coloniais históricas e atingir um público mais amplo, principalmente formuladores de políticas públicas, acadêmicos e atores institucionais da Europa. É uma decisão estratégica, que investe na visibilidade como um instrumento de proteção, quanto mais reconhecido for o conhecimento, menor poderá ser vulnerabilizado.
Não serão realizadas cerimônias com a planta nem o consumo de medicamentos durante o encontro.
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A proposta é um diáde alto nível, educativo e político, com a ayahuasca como ponto de convergência. Mas não se limitará à planta. A conversa se estende a outras bioculturas sagradas, como peiote, iboga, bufo, jurema e cogumelos, cujos guardiões enfrentam desafios semelhantes, criminalização, apropriação cultural, biomedicalização e marginalização de seus saberes. Um espaço será dedicado ao encontro dessas cosmologias e à defesa coletiva de seus direitos bioculturais.
A organização do evento reflete esse compromisso. Não há curadorias centralizadas ou decisões unilaterais, todo o programa é construído por consenso com o Clei (Conselho de Lideranças Espirituais Indígenas).
As temáticas são variadas, mas concentram-se em eixos definidos, como soberania, regulamentação, justiça, pesquisa colaborativa, combate ao neoextrativismo e promoção de governança intercultural. Entre os objetivos práticos do fórum está a apresentação de um Marco Regulatório Comunitário, construído coletivamente e com base em vivências com a substância. A organização informa que pesquisadores acadêmicos são bem-vindos, mas devem estar preparados para ouvir, não apenas falar.
Além disso, haverá espaço para formuladores de políticas, advogados e profissionais do direito. Em um contexto global de crescente interesse (e confusão) sobre o uso de plantas sagradas, regulamentar é necessário, mas como fazê-lo sem violar os contextos tradicionais? Essa é uma das perguntas que o fórum se propõe a discutir.
Em um cenário onde a espiritualidade se tornou mercadoria e o conhecimento ancestral é absorvido pelo mercado, o Fórum Mundial da Ayahuasca surge como uma narrativa alternativa, evidenciando o posicionamento dos povos originários que buscam reconhecimento no processo de expansão da consciência global em torno da ayahuasca.
Aprenda mais sobre a Conferência de Ciência Psicodélica:
Veja o vídeo (3min3s):
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.