Atletas Femininas da World Athletics em Alerta Após Mudanças Radicais
Atletas não poderão mais disputar na modalidade feminina após alterações da World Athletics.
A Luta por Sonhos e a Complexidade da Identidade
A corredora ugandense Docus Ajok sonhava em ser campeã olímpica, um objetivo que a impulsionava desde 2014, representando seu país com orgulho nos Jogos da Commonwealth, no Mundial de Atletismo e nos Jogos Universitários Mundiais. Em 2019, ela se viu envolvida em uma situação complexa, quando a Uganda Athletics informou que não poderia mais competir nas provas de 800m e 1.500m, citando diretrizes da World Athletics (WA).
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A situação se agravou quando Ajok nunca recebeu os resultados do teste de testosterona solicitado, mas foi impedida de competir, vendo seus sonhos desfeitos. “Depois do teste, fui restringida de competir. Começaram a surgir regras e regulamentos propondo etapas médicas”, declarou. A corredora, que frequentemente ajudava sua família com despesas médicas e escolares, sentia-se desamparada, pois “Ninguém luta por mim”. Sua carreira, que parecia promissora, chegou a um abrupto fim, deixando-a em uma situação de vulnerabilidade e incerteza.
Um Problema Global e a Complexidade da Identidade
A história de Ajok ecoa a de outras atletas, como a queniana Maximila Imali, que também enfrentou dificuldades devido a níveis elevados de testosterona. A situação expõe um problema global, onde atletas de diferentes países são submetidos a testes genéticos para verificar sua identidade biológica. A WA, atualmente, exige que atletas que desejam competir na categoria feminina realizem um “teste único na vida”, por swab bucal ou exame de sangue, que analisará amostras genéticas para verificar se possuem o gene SRY – ou “um substituto genético para o cromossomo Y”.
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Novas Regras e Impacto nas Atletas
As novas regras da WA, anunciadas em setembro, visam garantir a igualdade de condições entre homens e mulheres nos eventos de elite. No entanto, a implementação dessas regras tem gerado controvérsia e preocupação entre atletas, especialmente aquelas com variações no desenvolvimento sexual. A WA estabelece que masculinos biológicos que não passaram por desenvolvimento sexual masculino ou puberdade masculina ainda podem competir na categoria feminina, enquanto mulheres com DSD (diferenças no desenvolvimento sexual) que atendiam às regras anteriores podem competir nas World Rankings Competitions, desde que mantenham testosterona abaixo de 2,5 nmol/L e cooperem totalmente com a monitorização da WA.
A Importância do Consentimento e da Proteção
A situação levanta questões sobre o direito das atletas de escolherem como se apresentam e competem. Mitra, diretora da organização de direitos de atletas Humans of Sport, alerta que a exposição pública de atletas por causa dos testes ocorre antes de grandes competições, como Mundiais ou Olimpíadas. “Atletas vão ser prejudicadas, expostas e escrutinadas. Muitos vêm de países com menor proteção de direitos humanos, especialmente pessoas percebidas como LGBTIQ.” A complexidade da situação exige um debate sobre o “dever de cuidado” e a necessidade de proteger os direitos e a dignidade das atletas.
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Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.












