Atletas da NFL debatem sobre o uso de psicodélicos no tratamento de problemas de saúde mental
O linebacker Jordan Poyer afirma que psicodélicos são adequados para quem se sentiu compelido a lidar com seus desafios individualmente.

Um número crescente de atletas profissionais está recorrendo a psicodélicos. Não é para melhorar o desempenho em campo, mas para refletir e alcançar um entendimento mais profundo de si mesmos. A mesma cura emocional que outros esportistas, como Mike Tyson, afirmam ter alcançada graças a essas substâncias que outrora foram vistas como um perigo para a sociedade, mas que ao longo dos últimos anos se transformaram, progressivamente, em esperança para quem sofre de depressão resistente e de difícil tratamento.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Jordan Poyer (ex-Buffalo Bills), Jon Feliciano (ex-San Francisco 49ers) e Robert Gallery (ex-Oakland Raiders) relataram suas vivências individuais com psicodélicos, narrando jornadas de transformação, fragilidade e a procura por alívio de traumas ligados à carreira e à vida pessoal, marcados por intensa pressão.
Durante grande parte da minha vida, acreditei que ser forte significava reprimir a dor. No entanto, os psicodélicos me apresentaram uma perspectiva distinta, auxiliando-me a lidar com questões que venho carregando há anos e a iniciar um processo de cura genuíno. Essa trajetória não se destina apenas a atletas; é para qualquer indivíduo que já sentiu a necessidade de enfrentar seus desafios sozinho.
Leia também:

Trocas comerciais entre a China e nações de língua portuguesa totalaram US$ 61 bilhões

Irã lança nova série de mísseis em direção a Israel, informou o Exército de Defesa

A parte do benefício de frequência do Pé-de-Meia será distribuída na segunda-feira
O debate foi conduzido por Aubrey Marcus, escritor, empresário, podcaster e influenciador, dedicado ao bem-estar e à espiritualidade, com o apoio do uso de psicodélicos, prática que acompanha há mais de 25 anos, sobretudo com substâncias naturais como psilocibina e ayahuasca .
Pela segunda vez, atletas se apresentam no palco da Conferência de Ciência Psicodélica, a maior conferência do mundo sobre o tema. Na edição anterior, em 2023, o jogador de futebol americano Aaron Rodgers foi o primeiro atleta a discutir abertamente o uso da ayahuasca.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Os temas centrais abordados foram traumatismo cranioencefálico, transtorno de estresse pós-traumático, identidade pós-carreira e a transformação cultural no esporte profissional, que, de acordo com eles, estão sendo impactados positivamente com o uso de psicodélicos, notadamente ayahuasca, psilocibina, MDMA e DMT.
“Após a morte do meu melhor amigo, a única pessoa com quem podia contar, enfrentei um período muito difícil com álcool e maconha, tive pensamentos suicidas e me tornei uma sombra do que eu era”, relatou Feliciano.
Quando assisti ao podcast do Joe Rogan com Rick Doblin [fundador da Maps – Multidisciplinar Association for Psychedelic Studies], isso expandiu meus horizontes para outras formas de tratamento. Em seguida, iniciei a prática da microdosagem com cogumelos. E o mais relevante para mim foi o DMT, que utilizei duas ou três vezes ao ano. Para mim, o DMT me salvou a vida.
Os atletas admitiram, também, que existe receio entre os jogadores em revelar o uso de psicodélicos, devido ao temor de consequências negativas por parte de treinadores e administradores das equipes, um obstáculo que necessita ser superado para que a terapia psicodélica alcance maior aceitação no esporte.
Feliciano discutiu o assunto com outros jogadores, que o encaravam como se ele estivesse enlouquecido.
Tinha só um outro jogador dos Bills com quem eu cheguei a fazer DMT. Acabamos fazendo isso todo ano antes do training camp, só para alinhar a mente. Mas o estigma em torno dos psicodélicos era algo que você não queria carregar estando na NFL, dentro do vestiário, especialmente se os preparadores físicos soubessem ou se a informação chegasse lá em cima. Eles iam pensar que você era um viciado em drogas ou algo assim, então, mantinha isso em segredo. Mas posso dizer que nos últimos anos, sinto que isso mudou, seja por causa do documentário do Aaron Rodgers na Netflix ou talvez porque eu estava em San Francisco.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.