Ativista brasileiro em barco com ajuda a Gaza afirma que “apenas milagre” pode evitar a interceptação por Israel

O governo israelense garantiu, no domingo (8), que evitará a chegada do navio operado pela coalizão ativista Freedom Flotilla à área; Thiago Ávila afirma que a intenção era que o barco alcançasse Gaza nesta segunda-feira (8).

08/06/2025 22:01

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Ativista brasileiro em barco com ajuda a Gaza afirma que “apenas milagre” pode evitar a interceptação por Israel

O ativista Thiago Ávila, único brasileiro a bordo do barco de ajuda humanitária “A Faixa de <a href="https://admin.cliquefatos.com.br/macron-defende-politicas-mais-rigorosas-da-uniao-europeia-em-relacao-a-israel-em-relacao-a-gaza/”>Gaza”, declarou que “apenas um milagre poderá impedir Israel de interceptá-los”. O governo israelense garantiu, no domingo (8), que não permitirá a chegada da embarcação operada pela Coalizão Flutuante Freedom à região.

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“Nossa intenção é abrir o corredor humanitário dos povos, ainda vamos continuar trabalhando para isso, mas hoje a verdade é que somente um milagre pode impedir Israel de interceptar-nos e de cometer um crime de guerra”, declarou Ávila ao Estadão. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que o país não permitiria que ninguém quebrasse o bloqueio naval do território palestino. “Vocês deveriam voltar, porque não conseguirão chegar a Gaza”, afirmou Katz em comunicado, em seu perfil no X.

Desde o início do conflito, em outubro de 2023, as Forças de Defesa de Israel têm impedido a entrada de embarcações civis e dificultado a chegada de ajuda humanitária por rotas terrestres e marítimas, apesar de alertas internacionais sobre o risco de fome em larga escala. O enfrentamento atual em Gaza começou após um ataque do grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro de 2023, no qual os terroristas mataram aproximadamente 1.2 mil pessoas, na maioria civis, e sequestraram mais de 250 indivíduos. Desde então, a resposta de Israel em Gaza já resultou em mais de 52 mil mortos e mais de 119 mil feridos, a maioria mulheres e crianças, segundo informações de autoridades locais.

A embarcação de 18 metros, chamada “Madleen”, em homenagem à primeira e única pescadora feminina de Gaza, partiu do porto de Catânia, no sul da Itália, no último domingo (1º), transportando alimentos, medicamentos e equipamentos ortopédicos para a população. O barco possui 12 ativistas a bordo, incluindo a sueca Greta Thunberg, o ator de “Game of Thrones” Liam Cunningham e a integrante da União Europeia, Rima Hassan.

Esperávamos que nossa presença impedisse a ocorrência do crime de guerra, que consiste em deter a chegada de ajuda humanitária às vítimas. Infelizmente, parece que isso não se concretizará. devemos continuar denunciando qualquer tentativa de interceptação, afirmou Ávila. Segundo Ávila, o sentimento dos ativistas a bordo se resume em uma mistura de “esperança” e “indignação”.

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A embarcação se encontra em águas internacionais próximas à costa egípcia, a cerca de 130 milhas náuticas, aproximadamente 240 quilómetros, da Faixa de Gaza. Segundo o ativista, a expectativa é chegar a Gaza na tarde de segunda-feira (8), ainda com luz do dia. “A gente espera que dê certo, mas infelizmente outras experiências de 17 anos na Freedom Flotilla Coalition apontam que, quando eles começam a interferir com a comunicação, fazem publicamente as ameaças deles, quando eles mobilizam os seus batalhões, as suas unidades de elite, eles normalmente cumprem as suas ameaças”, afirmou Ávila.

Em maio de 2010, uma operação resultou na morte de 10 ativistas do navio Mavi Marmara, que participava de uma flotilha internacional buscando desafiar o bloqueio marítimo imposto a Gaza. A operação, realizada pela unidade de elite israelense Shayetet 13 em águas internacionais, gerou investigações internacionais, incluindo da ONU, que identificaram o uso excessivo da força. As Nações Unidas, contudo, ressaltaram que a flotilha “agiu de maneira imprudente ao tentar romper o bloqueio naval”.

Interferências nos sistemas de comunicação e navegação.

Ávila informou que o grupo está enfrentando interferências nos sistemas de comunicação e navegação. Segundo o ativista, há pelo menos três horas eles seguem viagem utilizando apenas métodos analógicos, sem apoio tecnológico. A equipe está buscando descansar, mas permanece em alerta para “qualquer hora, se necessário, assumir as posições onde tem maior chance de evitar mortes no momento de interceptação”, relatou.

A unidade de comando de elite Shayetet 13 e a frota de barcos de mísseis poderão ser responsáveis por uma possível interceptação. Avalia-se também a interceptação e o redirecionamento do barco para o porto de Ashdod, de onde os ativistas seriam deportados.

Em caso de interceptação, utilizamos nossos protocolos de segurança, com todos mantendo contato visual e evitando que alguém fique sozinho, além do treinamento para não usar violência, afirmou. O grupo de ativistas também se preparou para possíveis medidas jurídicas, reunindo advogados voluntários de todo o mundo para atuar em casos de violação de direito internacional.

Apesar das ações, Ávila ressaltou que essa missão organizada por ativistas “não deveria acontecer”. “Deveriam ser governos realizando o que a gente está fazendo aqui, deveriam ser organismos internacionais, mas infelizmente, dadas as condições do mundo hoje, os países não se veem em condições de fazer isso, então precisam ser cidadãos comuns para fazer”.

Com informações do Estadão Conteúdo

Fonte por: Jovem Pan

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.