O ministro Abbas Araghchi declara que o país está disponível para o diálogo e enfatiza a natureza pacífica do programa nuclear.
A Irã prosseguirá com o desenvolvimento de seu programa nuclear, particularmente no que concerne ao enriquecimento de urânio, independentemente dos “danos graves” infligidos às suas instalações por ataques dos Estados Unidos e de Israel. A declaração foi feita na segunda-feira (21) pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, em entrevista ao canal norte-americano Fox News.
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O diplomata declarou que a ampliação da produção de urânio não seria descontinuada, mesmo após os ataques que interromperam temporariamente a operação. “Existe uma suspensão porque, sim, os danos são sérios, mas, evidentemente, não podemos renunciar ao enriquecimento porque é uma realização dos nossos cientistas”, afirmou. Segundo ele, a manutenção do programa também se tornou uma questão de “orgulho nacional”.
Em Istambul, na Turquia, representantes do Irã se reunirão com autoridades da Alemanha, França e Reino Unido na próxima sexta-feira (25). Trata-se do primeiro encontro dessa natureza desde a guerra de 12 dias entre Irã e Israel, em junho, que resultou em centenas de vítimas. O controle do programa nuclear iraniano pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) será um dos temas centrais da reunião.
Araghchi assegurou que Teerã está aberta a negociar com os Estados Unidos, mas de maneira indireta, “por enquanto”. Acrescentou que qualquer novo acordo deverá garantir ao Irã o direito ao enriquecimento de urânio, mantendo o caráter civil do programa. “Estamos abertos a conversas […], para demonstrar que o programa nuclear é pacífico”, declarou, condicionando avanços à retirada das sanções impostas pelos EUA.
Durante a entrevista, Araghchi declarou que especialistas da agência atômica iraniana estão avaliando a situação do material enriquecido após os ataques, assegurando que o programa “não pode ser destruído com bombardeios”, já que “a tecnologia está lá”. Ele também afirmou que o país mantém capacidade de defesa, apesar da destruição de depósitos de armamentos, e disse ter se reunido recentemente com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que, segundo ele, “está muito saudável”.
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Em 22 de junho, os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares iranianas: o complexo subterrâneo de enriquecimento de urânio de Fordo e as usinas de Isfahan e Natanz. A ação ocorreu em apoio aos ataques conduzidos por Israel contra o Irã e foi aprovada pelo presidente americano Donald Trump, que ameaçou repetir a operação “se for necessário”.
O retorno dos ataques aéreos e o fortalecimento das posições dos EUA se dão após o fim do acordo nuclear de 2015 entre o Irã e os países membros do Conselho de Segurança da ONU (China, França, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia), juntamente com a Alemanha. O acordo previa restrições ao programa nuclear iraniano em troca da suspensão das sanções, porém, foi desfeito em 2018, quando os EUA o abandonaram de forma isolada.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.