O brasileiro demonstra maior interesse pela internet e pelas redes sociais em relação aos livros, conforme aponta a 6ª edição da obra “Retratos da Leitura no Brasil”, elaborada e divulgada pelo Instituto Pró-Livro. Os dados revelam que 81% da população utiliza o tempo livre na internet, e apenas 20% relatam a leitura de livros nesse período.

Essa variação indica uma redução em relação a 2015: nessa época, apenas 50% relatava usar a internet em seu tempo livre, e 24% lia livros durante o tempo livre.

A obra “Retratos da Leitura no Brasil” reúne análises de 18 especialistas sobre a queda nos índices de leitura no país. Entre as alegações apresentadas por quem está mais conectado à internet, “não ter paciência para ler”, “não ter tempo” ou “não gostar de ler” são as principais.

Adicionalmente, a pesquisa indica que os maiores índices de uso da internet e das redes sociais, com tempo livre, estão nos níveis de ensino superior e no público com mais de 14 anos: 91% possuem nível superior, dos quais apenas 35% relataram ler livros no tempo livre. O percentual também se eleva a mais de 90% na faixa etária de 14 a 39 anos, observando uma queda de aproximadamente 5 pontos percentuais entre os leitores.

O Brasil apresenta agora um número maior de pessoas que não leem em comparação com aquelas que praticam a leitura.

A pesquisa também confirma um cenário preocupante: pela primeira vez desde 2007, quando teve início a série histórica, o Brasil apresenta mais pessoas que não leem (53%) do que leitores (47%). Segundo a obra, os não leitores são aqueles que não leram nem um trecho de livro – impresso ou digital –, de qualquer gênero, nos últimos três meses.

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De acordo com a pesquisa, entre os não leitores, 6% são analfabetos ou relatam não saber ler, e 17% estão cursando ou cursaram até a 4ª série do Ensino Fundamental, fase em que as práticas de leitura ainda não estão devidamente consolidadas.

Adicionalmente, 36% dos entrevistados relataram apresentar alguma dificuldade na leitura, incluindo a falta de compreensão do texto ou problemas de concentração. Outros 26% mencionaram não possuir paciência para a leitura. Apenas 38% declararam não ter nenhuma dificuldade, um valor inferior em relação aos 48% registrados em 2007.

A proporção de indivíduos que não apreciam a leitura aumentou de 22% para 29%, enquanto a quantidade de pessoas que gostam um pouco de ler diminuiu de 31% para 26%. Um aspecto relevante identificado na pesquisa foi a baixa avaliação da leitura, com 46% declarando não ter tempo para ler.

Os leitores são aqueles que leram qualquer trecho de um livro – seja impresso ou digital – nos três meses anteriores à pesquisa. O levantamento apontou que, em 2024, apenas 47% da população com mais de 5 anos pode ser considerada leitora, mesmo com a definição sendo ampla.

É fundamental gerar muito debate para que os resultados da pesquisa sejam ouvidos por aqueles que detêm o poder de propor políticas públicas e investir em ações efetivas para transformar o país em um país de mais leitores críticos, autônomos e que compreendam o que leem, avalia Zoara Failla, coordenadora de pesquisa e organizadora da obra no capítulo de introdução do livro.

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Fonte por: CNN Brasil