Apagão nas IAs: impactos da queda dos serviços da AWS e a centralização da nuvem

Queda dos serviços da AWS destaca a preocupação com a centralização da infraestrutura em nuvem.

22/10/2025 20:54

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Dependência da Infraestrutura da Nuvem em Tempos de Interrupções

A queda dos serviços da Amazon Web Services (AWS) na última segunda-feira (20) e a interrupção global que se seguiu evidenciaram a crescente dependência da internet em relação a um número limitado de provedores de infraestrutura essenciais. As consequências de tais falhas podem se agravar à medida que a inteligência artificial se torna cada vez mais central no cotidiano e no trabalho, conforme sugerem os gigantes da tecnologia.

O incidente da última segunda-feira impediu que muitas pessoas realizassem consultas médicas e acessassem serviços bancários. No entanto, a situação poderia ser ainda mais crítica se uma interrupção afetasse as ferramentas de IA utilizadas por médicos para diagnósticos ou por empresas em transações financeiras. Embora isso pareça um cenário hipotético, a indústria de tecnologia promete uma rápida adoção de “agentes” de IA que realizarão tarefas em nome dos humanos, aumentando a dependência de serviços baseados na nuvem.

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Impactos e Dependência da Nuvem

Uma pesquisa global com quase 1.500 empresas, realizada pela McKinsey & Company em maio, revelou que 78% dos entrevistados já utilizam IA em pelo menos uma função empresarial, um aumento significativo em relação ao ano anterior. Tim DeStefano, professor associado de pesquisa na McDonough School of Business da Georgetown, destacou que interrupções podem impactar o desempenho das empresas que dependem da inteligência artificial para decisões críticas.

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A interrupção da AWS teve um impacto amplo, pois muitas empresas utilizam provedores de nuvem para funções essenciais, como armazenamento e ferramentas de desenvolvimento. Essa configuração é geralmente mais acessível e segura, exceto quando ocorre uma falha na AWS, que se torna um ponto único de falha para uma parte significativa da internet.

Consolidação e Riscos da Computação em Nuvem

A AWS atende milhões de clientes, abrangendo desde varejistas até agências governamentais, e detém cerca de 37% do mercado de computação em nuvem, segundo a Gartner. Juntamente com Microsoft e Google, essas empresas dominam cerca de 70% do mercado. A consolidação da infraestrutura da internet continua, especialmente na era da IA, onde a demanda por serviços de nuvem está em ascensão.

Embora as empresas ainda possam operar com servidores locais, a computação em nuvem é essencial para o uso eficaz da IA. DeStefano observa que os computadores necessários para rodar ferramentas de IA são caros e complexos, tornando mais viável alugar espaço computacional. À medida que a IA se torna mais comum, o risco de interrupções em data centers pode aumentar, já que esses modelos consomem muita energia.

Oportunidades e Desafios na Transição para IA

O aumento da dependência de agentes de IA para tarefas críticas pode elevar o risco de interrupções severas. No entanto, essa transição também oferece uma oportunidade para construir uma arquitetura de internet mais resiliente. Concorrentes menores, como Oracle e CoreWeave, estão ganhando espaço no mercado com soluções específicas para IA, enquanto empresas buscam múltiplos provedores de nuvem como uma rede de segurança.

Grandes desenvolvedores de modelos de linguagem, como Meta e OpenAI, estão investindo em seus próprios data centers, o que pode aliviar a pressão sobre sistemas compartilhados. A indústria também busca tornar modelos de IA mais eficientes em termos de energia, permitindo que funcionem localmente em dispositivos como smartphones e laptops, reduzindo a dependência da nuvem.

Possibilidades Futuras e Segurança

A IA pode ser uma aliada na identificação e correção de falhas de segurança, ajudando a evitar interrupções como a da última segunda-feira, desde que as empresas invistam nessas capacidades. Bourne ressalta que existe um caminho para otimizar o uso da IA, mas atualmente não parece que estamos seguindo essa direção. A questão que se coloca é: qual a probabilidade de uma nova pane global?

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.