A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta quarta-feira os resultados completos do ciclo 2024 do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. O levantamento, que analisou 3.084 amostras de alimentos de origem vegetal coletadas em supermercados e atacarejos de todo o país entre maio e dezembro, acende um alerta sobre riscos à saúde.

O estudo focou em alimentos populares, incluindo uva e laranja, que fazem parte da rotina alimentar do brasileiro. A Anvisa ressaltou que 79,4% das amostras analisadas apresentaram resultados dentro dos limites permitidos, com 25,6% sem detecção de resíduos e 53,7% com níveis abaixo do máximo estabelecido.

No entanto, 20,6% das amostras não atenderam aos critérios sanitários, representando 636 irregularidades.

A Anvisa identificou dois problemas principais nas amostras insatisfatórias: o excesso de resíduos em algumas amostras e a presença de substâncias não autorizadas para o consumo em determinados alimentos. A agência enfatizou que a questão vai além do simples excesso de quantidade, envolvendo o uso inadequado de produtos químicos na produção agrícola.

Além da análise de resíduos, a Anvisa realizou uma avaliação de risco agudo à saúde, considerando os efeitos de uma única refeição ou em curto prazo. 12 amostras apresentaram potencial de risco agudo, correspondendo a 0,39% do total analisado.

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Apesar do número ser pequeno, a agência considera que existe a possibilidade de impacto imediato à saúde.

Uva e laranja foram identificadas como alimentos com registros de resíduos que contribuíram para o grupo de amostras insatisfatórias. Apesar disso, a Anvisa esclareceu que o relatório não atribuiu risco agudo específico a essas frutas no ciclo 2024.

A agência ressaltou que o consumo frequente desses produtos mantém o alerta ativo.

É importante notar que a inclusão de apenas 14 alimentos no monitoramento faz parte do Plano Plurianual 2023-2025 da Anvisa, que prevê o acompanhamento de 36 alimentos, representando cerca de 80% do consumo nacional. Os resultados divulgados, portanto, não representam o fim do debate, mas sim a necessidade de uma fiscalização constante e transparente.

Apesar do predomínio de resultados satisfatórios, o percentual de irregularidades preocupa especialistas e autoridades sanitárias. A Anvisa recomenda ampliar a orientação aos produtores e fortalecer o controle no uso de defensivos agrícolas, ao mesmo tempo em que sugere cuidados simples, como a lavagem adequada dos alimentos e a diversificação da dieta.