Antigos ministros de Bolsonaro desmentem alegações de caráter golpista em encontro ministerial
Adolfo Sachsida, Bruno Bianco e Wagner Rosário diminuem a importância das críticas do ex-presidente às urnas de votação em 2022.

Em depoimento ao STF, ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que o ex-presidente não discutiu uma “ruptura democrática” em reunião ministerial de julho de 2022.
Adolfo Sachsida (ex-Ministras e Energia), Bruno Bianco (ex-advogado-geral da União) e Wagner Rosário (ex-ministro da Controladoria-Geral da União) prestaram depoimento como testemunhas do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, réu na ação penal por tentativa de golpe de Estado. Os ex-ministros afirmaram que Bolsonaro abordou de forma genérica o tema das eleições.
As questões concernem a uma reunião de 5 de julho de 2022, cuja gravação subsidiou a operação da PF (Polícia Federal) Tempus Veritatis, que, por sua vez, deu origem à ação penal por tentativa de golpe.
A denúncia da PGR indica que Bolsonaro teria instruído seus ministros a repetirem a teoria de que o sistema eleitoral brasileiro é fraudulento. “A partir de agora, quero que todos os ministros falem o que eu vou falar aqui e vou mostrar. Se o ministro não quer falar, ele vai ter que falar para mim porque ele não quer”, declarou Bolsonaro.
O ex-presidente prosseguiu com a declaração, utilizando um tom de advertência sobre possível demissão: “Se não houver justificativa para me devolver o que vou apresentar, não desejo ter qualquer contato com aquele ministro. Ele está no lugar errado”.
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Assista (1min21s):
Sachsida, presente na reunião em questão, afirmou ao STF não se lembrar de ter debatido sobre a tentativa de golpe de Estado ou a abolição violenta do Estado democrático de direito. Declarou ainda não se recordar de ter ouvido Anderson Torres discursar durante o encontro.
Bianco afirmou ter sido chamado à reunião para discutir uma cartilha da AGU (Advocacia-Geral da União) sobre condutas vedadas a agentes públicos e políticos que exercem cargo e concorrem em eleições. Em seu depoimento, o ex-advogado-geral da União declarou não ter ouvido nenhuma discussão que envolvesse uma “ruptura democrática”.
Estava, na minha avaliação, em um período eleitoral, com grande tensão devido a questões eleitorais. Percebia uma posição específica sobre as atitudes nesse período, porém não identifiquei nenhuma questão que envolvesse ruptura.
Rosário afirmou que houve uma discussão sobre o processo eleitoral e o comportamento das instituições naquele momento. Segundo o ex-ministro da CGU, trataram sobre “possíveis fragilidades no sistema de votação eletrônica, que visavam o aprimoramento para ter um resultado fidedigno”.
Depoimentos
O Plenário do STF iniciou, em 19 de maio, a análise dos depoimentos de testemunhas apontadas pelo núcleo central da trama da tentativa de golpe. A acusação da PGR sustenta que o grupo foi responsável por liderar a organização criminosa.
As testemunhas de Anderson Torres depuseram na quinta-feira (29.mai).
Paulo Guedes, ex-ministro da Economia de Bolsonaro; Celio Faria, ex-ministro da Secretaria de Governo; Adler Cruz e Alves, ex-vice-advogado-geral da União, também seriam ouvidos, porém a defesa de Torres desistiu dos seus depoimentos no início da audiência desta manhã.
As declarações das testemunhas em Torres prosseguirão na 6ª feira (30.mai). As audiências devem ser concluídas até 2 de junho. No mesmo dia, também testemunharão as testemunhas indicadas por Jair Bolsonaro, pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e pelo general Walter Braga Netto, todos acusados por tentativa de golpe.
Fonte: Poder 360
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.