Angela Ro Ro, de forma audaciosa e intensa, enfrentou as consequências de sua vida sem máscaras

Sua atuação no cenário público se caracterizou por comentários contundentes e uma sinceridade que a projetaram como uma das mais controversas figuras da…

08/09/2025 15:49

2 min de leitura

Angela Ro Ro, de forma audaciosa e intensa, enfrentou as consequências de sua vida sem máscaras
(Imagem de reprodução da internet).

Um tom áspero dificilmente alcançaria sucesso em canções de amor. No entanto, Angela Ro Ro usou dessa aparente contradição como sua marca: transformou o tom rouco e grave em instrumento de visceralidade, emoção e autenticidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A artista faleceu na segunda-feira, dia 8, aos 75 anos, no Rio de Janeiro. Estava hospitalizada desde junho devido a uma infecção pulmonar.

Angela Ro Ro se destacou como artista de grande intensidade, transitando entre o samba e o rock, sempre com forte carga dramática em suas interpretações. Seu álbum de estreia, lançado em 1979, a consolidou como uma figura marcante da música brasileira, com canções como “Amor, Meu Grande Amor” (em parceria com Ana Terra) e composições originais de grande impacto, incluindo “Não Há Cabeça” e “Agito e Uso”.

Leia também:

Em seu álbum seguinte, SÓ Nós Resta Viver (1980), a faixa-título se tornou um grande sucesso. Em Escândalo (1981), Angela recebeu de Caetano Veloso uma canção personalizada para o seu período de vida – marcado pela conturbada separação da cantora Zizi Possi.

O quinto disco, A Vida É Mesmo Assim (1984), é lembrado como um dos ápices de sua força artística.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nas décadas de 1980 e início de 1990, Angela Ro Ro apresentou-se em diversas apresentações. Sua performance incluía canções de cunho romântico, blues, jazz e composições com caráter autobiográfico. Em Gota de Sangue (1979), ela declarava sua homossexualidade durante a ditadura, e em Meu Mal É a Birita (1980), abordava sua relação com álcool e drogas de forma direta.

Posteriormente, optou pela discrição. O álbum Acertei no Milênio (2000) representou essa mudança. Contudo, sua trajetória lançamentista seguiu marcada por comentários controversos, afirmações mordazes e uma sinceridade que o estabeleceram como parte da tradição das “mal-afortunadas” da música brasileira.

Seu último trabalho de estudo, Selvagem (2017), demonstrou que o vigor criativo permanecia vivo. Contudo, em um cenário onde a sobrevivência artística depende primordialmente de apresentações ao vivo, ela passou a enfrentar problemas financeiros, chegando a solicitar auxílio nas redes sociais.

Angela Ro Ro, de forma audaciosa, talentosa e intensa, trilhou um caminho que reflete as dificuldades de indivíduos que desafiam padrões. Sua trajetória, repleta de paixão e conflitos, justificaria a produção de um livro e um filme.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.