Análise: Vítimas são silenciadas em meio à repercussão do caso Epstein

Trump busca controlar a controvérsia em torno de seu antigo relacionamento com ex-financista.

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(Imagem de reprodução da internet).

Virginia Giuffre passou décadas sofrendo após o abuso que alega ter vivenciado sob as mãos do acusado de tráfico sexual Jeffrey Epstein e de sua cúmplice, atualmente presa, Ghislaine Maxwell.

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Giuffre cometeu suicídio no início deste ano. “Os pesadelos de ter sido traficada nunca a abandonaram”, afirmaram as irmãs de Giuffre em um comunicado na quinta-feira (31).

Mesmo após a morte, sua tragédia persistia. Giuffre, que havia se mudado para a Austrália na vida adulta, não conseguiu evitar o horror que havia marcado uma fase de sua vida, tornando-se novamente vítima de outro escândalo.

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Suas experiências dolorosas no início dos anos 2000 resurgiram no esforço de Donald Trump para conter a polêmica sobre sua antiga amizade com Epstein.

Ela se tornou uma manchete nos noticiários; foi minimizada pela linguagem ofensiva do presidente; seu nome está sendo utilizado em aparições teatrais de jornalistas. Seu histórico de dificuldades é revivido incessantemente em inúmeras reportagens, ao mesmo tempo em que críticos de Trump e comentaristas questionam: o que o presidente sabia e quando soube?

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Giuffre enfrentou grande sofrimento devido ao abuso que relatou ter experimentado com Epstein. Sua vida foi prejudicada pela repercussão na mídia. Ela figura em uma imagem notória com Maxwell e o príncipe Andrew, do Reino Unido, para quem afirmou ter sido vítima de tráfico por Epstein. O príncipe, que contestou todas as acusações, estabeleceu um acordo fora da justiça em 2022.

Trump sabia sobre a conduta de Epstein?

Existem questões legítimas sobre o que Trump sabia em relação ao comportamento de Epstein, sobre sua própria promoção de teorias da conspiração envolvendo o caso, e sobre a tentativa de um Departamento de Justiça politizado de silenciar o assunto.

Analisá-las sem considerar o sofrimento das vítimas, vivas ou mortas, é perpetuar a desumanidade que elas já sofreram.

A tentativa de Trump de se afastar das questões envolvendo a recusa do Departamento de Justiça em liberar os arquivos de Epstein, que o próprio Trump alegou fazer parte de uma grande conspiração, está reacendendo traumas para os sobreviventes.

“Eles se sentem violados novamente. Estão sendo revitimizados. Não têm a oportunidade de se curar em paz”, declarou Randee Kogan, terapeuta de algumas das supostas vítimas de Epstein, à CNN nesta semana. “Onde quer que olhem, está no telefone – seja uma manchete, seja nas redes sociais – e sentem que não há como escapar. Não conseguem encontrar paz para se curar.”

Algumas, como Giuffre, sofrem objetificação, tendo seus traumas reduzidos a temas políticos.

O processo desumanizante se manifestou quando Trump declarou ter terminado sua amizade com Epstein devido ao fato de ele estar “roubando funcionários” do clube Mar-a-Lago. Trump admitiu que Giuffre trabalhava no setor de massagens do resort. “Ele roubou pessoas que trabalhavam para mim”, afirmou Trump a repórteres no Air Force One.

Considerar qualquer ser humano como uma “mercadoria” já é ofensivo. Declarar isso sobre uma suposta vítima de tráfico sexual e abuso é ainda mais grave.

Sky Roberts, um dos irmãos de Giuffre, afirmou à CNN: “Ela não foi ‘roubada’; ela foi caçada na propriedade dele, na propriedade do presidente Trump”.

Trump não foi formalmente acusado de qualquer crime no caso Epstein. Contudo, a declaração suscitou novas questionamentos sobre o seu conhecimento das ações de Epstein e Maxwell. Em um testemunho judicial divulgado em 2019, Giuffre afirmou ter conhecido Maxwell no Mar-a-Lago e que foi ela quem a levou ao primeiro encontro com Epstein.

A família Giuffre declarou à CNN que, caso estivesse viva, ficaria indignada com o fato de o governo Trump – na tentativa de satisfazer eleitores MAGA revoltados com a não divulgação dos arquivos de Epstein – ter enviado o vice-procurador-geral Todd Blanche para dialogar com Maxwell na Flórida na semana passada.

A família manifestou choque ao ouvir o presidente Trump mencionar sua irmã e afirmar que sabia que Virginia fora “roubada” pelo Mar-a-Lago. A declaração levanta questionamentos sobre o conhecimento de Trump das ações criminosas de Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell.

Maxwell, vítimas.

O debate público sobre a possibilidade de indultos ou anulações de pena para Maxwell negligenciou em grande parte a dor provocada por seus atos. Buscar que ele forneça informações convenientes para Trump pode acarretar sérias consequências.

Trump já declarou possuir a autoridade constitucional para outorgar remissões, e seu histórico de politização desse poder é um dos fatores que geram controvérsia em relação à visita de Blanche a Maxwell. Um membro do governo informou à CNN que o presidente não está avaliando a possibilidade de concessão de indulgência para ela atualmente.

Roberts afirmou no programa “The Source” que Maxwell deveria permanecer presa para sempre. “Ela merece apodrecer onde está, pelo que fez com minha irmã e com tantas outras mulheres.”

À medida que Trump tenta se afastar das questões envolvendo Epstein e a pressão política cresce, as vozes das sobreviventes são silenciadas. Democratas se juntaram aos pedidos por divulgação completa dos arquivos do governo sobre Epstein, em parte para prejudicar Trump, sem considerar o impacto que isso pode ter sobre as vítimas.

Na mídia MAGA, a controvérsia reacendeu a estranha obsessão de alguns teóricos da conspiração de direita com crimes sexuais, tráfico humano e abuso — e as falsas alegações de que o governo estaria cobrindo tais práticas. Muitos dos que criticam o abuso sexual ignoram o fato de disseminar essas mentiras traumatiza novamente as vítimas.

Fonte por: CNN Brasil

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