Análise: Trump e Putin se preparam para reunião em meio a incertezas

As autoridades americanas trabalham para concluir os detalhes da cúpula entre os presidentes no Alasca, com questões logísticas e geopolíticas ainda a s…

11/08/2025 15:18

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(Imagem de reprodução da internet).

As autoridades americanas trabalham para concluir os últimos detalhes antes da cúpula de sexta-feira (15) entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, no Alasca, com questões logísticas e geopolíticas ainda pendentes.

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Ainda até segunda-feira (11), nenhum local para a cúpula fora divulgado. As autoridades da administração, que se dirigiam ao Alasca – selecionados por sua centralidade em relação a Washington e Moscou –, estavam avaliando o local exato onde os presidentes dos EUA e da Rússia se reuniriam.

As autoridades também trabalham para definir os detalhes do diálogo entre os dois chefes de Estado, no qual Trump espera obter avanços importantes para finalizar a guerra na Ucrânia.

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A incerteza em torno da cúpula no início da semana evidenciou o momento extraordinário que Trump enfrenta sete meses após o início de seu segundo mandato.

Após ocupar o cargo aguardado, por meio do contato com Putin, visando finalizar a guerra na Ucrânia, acabou se decepcionando com a hipocrisia do líder russo. Trump agora enfrenta o maior desafio até então de sua antiga crença na diplomacia direta.

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A próxima sexta-feira será importante, porque tratará de testar Putin, quão sério ele está em trazer um fim a esta terrível situação, disse o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que construiu uma parceria próxima com Trump, no domingo na emissora americana ABC.

id=”Zelensky_pode_participar”>Zelensky pode participar

Trump declarou a assessores que qualquer esforço para finalizar a guerra seria justificável, independentemente do resultado.

Ele incentivou sua equipe a organizar a reunião desta semana com notável celeridade; geralmente, encontros com altos escalões, especialmente com o envolvimento de adversários como a Rússia, demandam semanas ou meses de planejamento.

Questiona-se se o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky seria convidado. Ele não foi mencionado quando Trump anunciou a reunião na semana passada. A Casa Branca não descartou incluí-lo no Alasca, mas autoridades afirmaram que sua prioridade era organizar o encontro bilateral entre Trump e Putin.

Se ele considerar que esta é a melhor opção para convidar Zelensky, então fará isso, afirmou o embaixador dos EUA na Otan, Matthew Whitaker, a Dana Bash no programa “State of the Union” da CNN. “A reunião acontecerá na sexta-feira. Há tempo para tomar essa decisão.”

As autoridades ucranianas manifestaram que Zelensky estaria disposto a viajar ao Alasca caso fosse convidado por Trump, ainda que sua participação dependesse do desenvolvimento do encontro entre Trump e Putin.

Demonstramos que ele está pronto para estar em qualquer lugar para alcançar a paz. Portanto, se necessário, o presidente Zelensky estará presente nas reuniões. Temos sido muito abertos sobre isso, mas vamos ver como isso acontecerá, afirmou a embaixadora da Ucrânia nos EUA, Oksana Markarova, na emissora CBS.

id=”A_pressão_da_Europa”>A pressão da Europa

A questão central era o que Putin apresentou a Steve Witkoff, enviado de Trump, na semana passada, buscando persuadir os Estados Unidos sobre o momento adequado para um encontro entre os líderes.

Apesar dos detalhes precisos da proposta permanecerem obscuros, ficou evidente que extensos acordos territoriais promovidos pela Ucrânia seriam fundamentais em seu projeto.

Os líderes europeus aguardavam com expectativa maiores informações dos Estados Unidos. Compreendendo que o plano de Putin concederia a Moscou o controle total da região oriental de Donbas, na Ucrânia, que a Rússia já ocupa parcialmente.

O futuro das outras duas regiões, Kherson e Zaporizhzhia, continuava incerto, e o status das garantias de segurança dos Estados Unidos permanecia em aberto.

Os assessores de Trump consideram essencial o respaldo dos países europeus nos esforços de paz do presidente, e dedicaram grande parte do fim de semana explicando os objetivos do presidente dos EUA enquanto ouviam preocupações sobre como Putin poderia abordar a questão.

Em uma reunião no interior da Inglaterra, no sábado (9), o vice-presidente JD Vance ouviu diversos conselheiros de segurança nacional dos principais países europeus definirem os parâmetros que consideravam necessários nas negociações de paz com Putin.

A prioridade máxima na lista era a necessidade de estabelecer um cessar-fogo, uma demanda que Putin havia negado consistentemente.

Os europeus também defenderam a reciprocidade em relação a quaisquer concessões territoriais, sugerindo que, se a Ucrânia cedesse o território na região oriental de Donbas, a Rússia também deveria retirar sua ocupação em outras áreas da Ucrânia.

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Contudo, os líderes enfatizaram que a própria Ucrânia deveria estar envolvida nas discussões sobre seu futuro.

Um representante dos Estados Unidos afirmou que a reunião, ocorrida na residência do secretário de Relações Exteriores britânico, gerou “progresso considerável”. Dois funcionários europeus relataram que o vice-presidente, JD Vance, demonstrou receptividade às suas opiniões e participou ativamente do debate.

Trump, por sua vez, dedicou grande parte do fim de semana aos relatos de apoiadores sobre a relevância de incorporar a Ucrânia em debates sobre seu futuro, ainda que demonstrasse firmeza em prosseguir com a cúpula com Putin.

Após jogar uma partida de golfe com Trump no sábado, o senador Lindsey Graham afirmou também desejar que a Ucrânia fizesse parte das negociações de paz.

Espera-se que Zelensky possa fazer parte do processo. A Casa Branca cuidará disso, afirmou o republicano da Carolina do Sul à emissora NBC.

“No entanto, tenho plena confiança de que o presidente se reunirá com Putin em uma posição de liderança, e que ele assegurará os interesses da Europa e da Ucrânia para finalizar esta guerra de maneira respeitosa.”

O chanceler alemão Friedrich Merz, que mencionou ter planos para conversar com Trump no domingo, reafirmou a posição europeia de que quaisquer debates sobre o território ucraniano devem incluir a Ucrânia e a Europa.

Merz afirmou que se espera e se presume que o governo da Ucrânia, com o presidente Zelensky, estará envolvido nesta reunião.

Não se pode admitir que questões territoriais entre Rússia e América sejam debatidas ou resolvidas sem o envolvimento dos europeus e ucranianos.

Antes de JD Vance seguir para a Inglaterra e o anúncio da cúpula do Alasca, o vice-presidente admitiu em uma entrevista à Fox News que era improvável que qualquer das partes envolvidas no conflito estivesse totalmente satisfeita com o resultado das negociações de paz.

“Não vai deixar ninguém super feliz”, disse ele no programa “Sunday Morning Futures”. “Tanto os russos quanto os ucranianos, provavelmente, no final das contas, vão ficar insatisfeitos com isso. Mas não acho que você possa realmente sentar e ter essa negociação sem a liderança de Donald J. Trump.”

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.