Crises Globais e o Futuro da Ordem Mundial
Enquanto líderes mundiais se reuniram em Nova York para a Assembleia Geral da ONU, o foco principal foi direcionado a crises urgentes, como os conflitos em Gaza e Ucrânia, com perspectivas de que ambos se prolonguem até 2026.
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Participei de diversas reuniões da Assembleia Geral com presidentes de diferentes partidos políticos. As discussões frequentemente giravam em torno das manchetes do momento, mas, ao analisar o histórico desses encontros, percebe-se que muitas vezes o que não é abordado é mais significativo do que o que é discutido.
Em 2013, por exemplo, ninguém previu a ascensão do Estado Islâmico como uma ameaça global. Dez anos depois, em 2023, a invasão do Hamas a Israel e o subsequente conflito no Oriente Médio não eram antecipados. Da mesma forma, em 2019, a pandemia global, que transformou radicalmente nosso modo de vida, também foi um evento inesperado.
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Este ano parece seguir essa tendência, com eventos globais se desenrolando em um ritmo implacável, sugerindo que podemos estar apenas testemunhando um aperitivo do que está por vir.
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**Crises Imediatas e a Falta de Soluções**
As crises imediatas, que dominaram a agenda da semana, incluem o conflito em Gaza e a guerra na Ucrânia. Em Gaza, o ano começou com a promessa de um acordo de cessar-fogo em três fases, destinado a garantir a libertação de reféns e o fim da guerra. No entanto, esse acordo desmoronou em março, após a primeira fase, e as negociações travaram, acompanhadas de uma grave crise humanitária, operações militares israelenses intensas e a persistência de reféns em cativeiro. Atualmente, não há um caminho claro para uma resolução imediata, nem consenso sobre os próximos passos.
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Em Nova York, vários países, incluindo a França e o Reino Unido, reconheceram um Estado palestino, com fronteiras e soberania a serem definidos em um futuro distante. Apesar desse reconhecimento, os pedidos para que o Hamas se renda e entregue suas armas, que poderiam encerrar a guerra de forma definitiva, não foram concretizados devido à falta de capacidade real de implementação.
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**Riscos Globais e a Aliança CRINK**
A situação na Ucrânia tem sido marcada por reviravoltas, impulsionadas por decisões de Washington. Pedidos por um cessar-fogo unilateral foram substituídos por apelos a um acordo abrangente, enquanto o apoio militar à Ucrânia foi interrompido e retomado. Sanções contra a Rússia foram ameaçadas, mas raramente implementadas.
A cúpula de líderes em agosto, com a presença de Vladimir Putin, Xi Jinping e Kim Jong-un, destacou os objetivos maximalistas de Putin, que busca expandir seu território e garantir que a Ucrânia não possa se defender. A Ucrânia, por sua vez, não aceitará tais termos, o que dificulta a diplomacia.
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**O Futuro da Ordem Global**
A Assembleia Geral da ONU de 2025 pode ser um marco histórico, abrindo caminho para um mundo de consolidação e estabilidade ou para um mundo de crescente desordem e conflito. Se os riscos e custos da agressão transfronteiriça diminuírem para Putin e os líderes da aliança CRINK, o cenário de instabilidade se intensificará. Se os custos aumentarem e a rede de alianças mantida pelos EUA se fortalecer, o cenário de estabilidade se tornará mais provável.
A aliança CRINK (China, Rússia, Irã e Coreia do Norte) está moldando a realidade global, em oposição aos Estados Unidos, com a Ucrânia sendo a linha de frente. A Coreia do Norte enviou dezenas de milhares de soldados para lutar ao lado das tropas russas, o Irã forneceu drones e tecnologia para a produção de drones russos, e a China continua sendo a maior compradora de produtos energéticos russos.
A China, através do Exército de Libertação Popular, está preparada para uma possível invasão de Taiwan até 2027, um evento que poderia causar um choque econômico global de 10 trilhões de dólares.
A corrida entre os Estados Unidos e a China na área de inteligência artificial, a competição tecnológica mais próxima desde a Guerra Fria, também está preparada para que 2026 seja um dos anos mais decisivos de uma geração.
A aliança CRINK, a instabilidade na Ucrânia e a competição tecnológica entre EUA e China, podem definir o futuro da ordem global.
