Algoritmos Transformam a Compreensão: Estudo Revela Riscos de Recomendação de Conteúdo Online

A transformação dos algoritmos, impulsionada pelo aprendizado de máquina, pode limitar a diversidade de informações, distorcendo a compreensão da realidade, alertam pesquisadores

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(Imagem de reprodução da internet).

Transformação do Conceito de Algoritmo

Tradicionalmente, algoritmos eram vistos como sequências de passos para resolver tarefas específicas. Contudo, no início da década de 2010, com o crescimento do aprendizado de máquina e das redes neurais profundas, essa visão começou a mudar. A partir de 2012, os algoritmos de personalização, que filtram e organizam o conteúdo online, passaram a antecipar as preferências dos usuários, mesmo antes que eles as reconhecessem.

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Plataformas como YouTube, Google e Facebook prometem simplificar nossas vidas, ajudando a lidar com a sobrecarga de informações. No entanto, pesquisadores das universidades Vanderbilt e Estadual de Ohio (OSU) alertam que essa promessa pode não ser tão benéfica.

Um estudo recente publicado na revista Journal of Experimental Psychology revela que os sistemas de recomendação online podem restringir a diversidade de informações, levando a generalizações incorretas sobre temas pouco conhecidos.

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Impacto dos Algoritmos na Compreensão

Os cientistas demonstraram que, quando os algoritmos escolhem o que os usuários veem, a variedade de informações é limitada. Isso resulta em uma compreensão distorcida da realidade, onde os indivíduos aplicam esse conhecimento superficial em novas situações, acreditando ter domínio sobre o assunto.

O pesquisador sênior Brandon Turner, da OSU, explica que o problema não é apenas a perda de informações, mas a falta de percepção dos usuários sobre o que está sendo omitido. “As pessoas acreditam que o que sabem se aplica a outras áreas, mesmo sem terem experiência”, afirma Turner.

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Exemplo de Viés na Recomendação de Conteúdo

Os autores do estudo ilustram essa questão com um exemplo prático: um espectador que nunca assistiu a filmes de um determinado país decide explorar esse cinema por meio de um serviço de streaming. O algoritmo recomenda filmes populares, levando-o a escolher um filme de ação.

A partir daí, o algoritmo sugere mais filmes do mesmo gênero, limitando a experiência do usuário.

Embora a pessoa esteja satisfeita com a escolha, ela perde a oportunidade de descobrir filmes de outros gêneros, desenvolvendo uma visão distorcida sobre a cultura do país. Isso resulta em inferências exageradas sobre as preferências culturais, como a crença de que todos naquele país apreciam filmes neo-noir e de crime.

Consequências da Exposição a Algoritmos

Para investigar como as curadorias de conteúdo afetam a aprendizagem, os pesquisadores conduziram um experimento com 346 participantes. Eles foram divididos em dois grupos: um que recebeu alienígenas fictícios selecionados por um algoritmo e outro que viu as criaturas de forma aleatória.

Os participantes expostos a sequências personalizadas focaram apenas em algumas características dos alienígenas, ignorando outras. Isso resultou em um aprendizado distorcido, onde a confiança nas respostas erradas era alta, mesmo em categorias pouco exploradas.

Reflexões sobre o Aprendizado e a Sociedade

A lógica por trás dessa situação é preocupante, pois os algoritmos são projetados para maximizar o consumo de conteúdo, priorizando cliques e interações. Eles identificam padrões de comportamento e recomendam conteúdos semelhantes, reduzindo a diversidade de estímulos.

Turner questiona as consequências de consumir apenas uma parte do conteúdo disponível, ressaltando que essa prática pode prejudicar o aprendizado e, em última análise, impactar a sociedade como um todo.

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.

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