Ainda há possibilidade de cortes na taxa de juros este ano, afirma membro do Fed
Patrick Harker deixará seus cargos e encerrará seu período como presidente do Federal Reserve da Filadélfia em junho, após dez anos na liderança.

Com a aposentadoria próxima, em meados deste mês, o presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Patrick Harker, afirmou que reduções nas taxas de juros ainda são uma possibilidade em 2024, considerando o cenário econômico incerto, e expressou preocupação com a qualidade dos dados econômicos utilizados nas decisões.
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“É possível, eu jamais a descartaria”, afirmou Harker em entrevista à Reuters na quinta-feira (5). “Se os sinais forem de que a inflação não parece estar subindo rapidamente, mas o desemprego sim, então sim, eu definitivamente poderia prever um ou mais cortes neste ano, mas é difícil dizer neste momento.”
Harker foi entrevistado nas últimas semanas de seu mandato, já que deve se aposentar no final de junho, após assumir o comando do Fed da Filadélfia em 2015. O Fed se reunirá novamente nos dias 17 e 18 de junho, quando a expectativa geral é de que a instituição mantenha as taxas de juros entre 4,25% e 4,50%. Em 2025, Harker não é membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed, responsável pela definição das taxas.
Ele considera incerto o que ocorrerá no final do ano, pois a política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se mostra caótica com altos impostos de importação e constantes alterações, provavelmente aumentará a inflação e diminuirá o emprego.
O desafio que os membros do Federal Reserve enfrentam é determinar se o aumento da inflação é passageiro ou se representa o começo de algo mais persistente. Essas incertezas comprometeram a habilidade das autoridades de apresentar orientações sobre as perspectivas da política monetária e as levaram a adotar uma postura de observação antes de tomar decisões.
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Harker, engenheiro de formação que liderou a Universidade de Delaware antes de chegar ao Fed, declarou na entrevista que estava cada vez mais preocupado com a qualidade dos dados nos quais os formuladores de políticas confiam.
Harker afirmou: “Os números, incluindo os produzidos pelo governo, ‘não são bons, não estão melhorando’. Não se trata apenas de dados de inflação, mas de uma série de dados, então estamos cada vez mais ‘cegos’, ou pelo menos meio cegos’.”
As preocupações de Harker em relação ao estado dos dados decorrem da sequência de informações de que o governo estava reduzindo os recursos destinados à compilação do índice de preços ao consumidor, que era acompanhado de perto.
Harker abdica da posição no final do mês em virtude das normas do Fed, que, na maioria dos casos, proíbem que presidentes regionais da instituição permaneçam no cargo após os 65 anos. Ela será substituída por Anna Paulson, uma ex-funcionária do banco central que coordenou a operação de pesquisa no Fed de Chicago.
Harker, ao considerar sua década no banco central, afirmou que o período desde a volta de Donald Trump à presidência se mostrou ainda mais complexo do que os anos da pandemia, devido à incerteza da política comercial e fiscal.
Harker enfatizou a importância de uma comunicação transparente e clara por parte do Fed, para dissipar a percepção de que o banco central é onipotente na economia.
Harker afirmou: “Há uma sensação de que o Fed é um ser todo-poderoso que controla a sua vida, o que não é verdade”. Ele acrescentou: “Não deveria ser verdade, e não é, mas para dissipar isso, temos que manter a coisa o mais simples possível e explicar o que fazemos e o que não fazemos”.
“E penso que devemos enviar esta mensagem sem hesitação”, completou.
Harker também expressou a expectativa de que, quando o Fed utilizar a compra de títulos e seu balanço para auxiliar a economia, o faça com cautela, acompanhado de uma explicação transparente sobre suas ações.
Harker também declarou na entrevista que as crescentes ameaças dos grandes déficits governamentais exigem atenção e que o prazo para lidar com a situação está diminuindo.
“Estou muito preocupado com o déficit”, disse Harker. “Não acho que estejamos em risco hoje, mas podemos estar em risco em um futuro não muito distante se não agirmos.”
O líder do Fed acrescentou que os preços de mercado e a Wall Street estão começando a transmitir sinais de dificuldades que não devem ser desconsiderados.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.