Advogado afirma que Paulo Sérgio Nogueira buscou impedir Bolsonaro de implementar “medidas de exceção”

O ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército figura entre os acusados no cerne da trama golpista.

03/09/2025 12:37

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Advogado afirma que Paulo Sérgio Nogueira buscou impedir Bolsonaro de implementar “medidas de exceção”
(Imagem de reprodução da internet).

O advogado Andrew Farias, representante do general Paulo Sérgio Nogueira no processo por tentativa de golpe, informou aos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal que seu cliente buscou persuadir o então presidente Jair Bolsonaro (PL) a adotar qualquer medida de exceção.

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Farias apresentou a defesa de Nogueira aos ministros no final da manhã desta quarta-feira. O militar foi o segundo dos acusados de integrar o núcleo crucial da trama golpista, após a apresentação dos argumentos no julgamento, que seguiu com a exposição da defesa do general Walter Braga Netto.

Em sua argumentação perante os ministros do Supremo, o advogado afirmou que existiam tentativas de golpe no governo Bolsonaro e nas Forças Armadas, e que o cliente, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, se opôs a todas elas.

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Nogueira se posicionou totalmente contrário a qualquer medida de exceção. Atuou ativamente para demover o presidente da República de qualquer medida nesse sentido, bradou o advogado. “Quão difícil foi ser ministro da Defesa no segundo semestre de 2022… Naquele período, oficiais generais se manifestavam nas redes de forma contundente. E qual era o receio do general Paulo Sérgio? Que alguma liderança militar levantasse o braço e rompesse [com o regime democrático].”

O réu de Farias foi o único dos acusados a comparecer no primeiro dia do julgamento, na terça-feira 2. Na quarta-feira, quando seu advogado falou, ele não estava presente.

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Ao apresentar sua argumentação oral, Farias defendeu que seu cliente não esteve envolvido na trama fraudulenta. Ele não foi explícito ao negar a existência de uma conspiração. A ministra Carmen Lucia, membro da Primeira Turma, também o questionou sobre o assunto.

“Ministro, cinco vezes você afirmou que seu cliente estava agindo para desestabilizar o presidente da República. Desestabilizar de que forma? Até agora, todos dizem que ninguém pensou em nada…” , disse a ministra, que chegou a ser interrompida pelo advogado antes mesmo de concluir a frase.

Farias respondeu de forma taxativa, buscando impedir que o então presidente adotasse qualquer medida excepcional.

O advogado mencionou, em diversos momentos, o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, ex-chefe da Aeronáutica, e o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandou o Exército. Nos depoimentos, conforme relatado pelo advogado, ambos confirmaram a alegação de que Nogueira se opôs a qualquer tipo de tentativa de golpe. O terceiro comandante das Forças Armadas na época, Almir Garnier, é um dos acusados que estão sendo julgados.

A declaração dela e o testemunho do comandante da Força Aérea, brigadeiro Baptista Junior, são impactantes, ao afirmar que o general Paulo Sérgio tentou convencer o presidente a não adotar medidas excepcionais.

A prova de que o cliente do advogado não estava envolvido na trama reside em detalhes como a sua ausência em listas de cargos previstos após o golpe e na série de ataques nas redes sociais promovidos por aqueles que almejavam a permanência de Bolsonaro no poder.

Ele chegou a ler publicações ofensivas ao cliente, denominado “melancia” (termo jocoso usado contra militares “verdes por fora”, por causa da farda, e “vermelhos por dentro”, por supostos alinhamentos à esquerda). “A verdade é que o general Paulo Sérgio não é um golpista”, completou o advogado.

Fonte por: Carta Capital

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.