Na data em que aniversário do compositor Adoniran Barbosa completam 115 anos, a Galeria do Rock realiza uma homenagem com a participação da cantora Marcia Mah, que apresenta um show curto e a exibição do curta-metragem Saudosa Floresta, em celebração dos 70 anos da canção Saudosa Maloca.

A ação é gratuita e acontece nesta quarta-feira (6), no Espaço Arena Galeria, a partir das 18h. Também haverá uma exposição de objetos de Adoniran Barbosa, que fazem parte do acervo particular de Cassio Pardinio.

A animação narra a trajetória de João Rubinato, inspiração em Adoniran Barbosa, e Sabiá Laranjeira, ave símbolo do Brasil e da biodiversidade dos biomas brasileiros, em um contexto de desmatamento e escassez de moradia. O projeto foi desenvolvido pela artista Marcia Mah, pelo cartunista Barão do Pirapora, pelo cineasta Juca Mencacci, pelo músico Luiz Anthony, por Maurício Nogueira e pelo ator Alexandre Franklin.

João Rubinato, filho de imigrantes italianos, nasceu na cidade de Valinhos, interior de São Paulo. Interrompeu os estudos no primário para trabalhar. Trabalhou como tecelão, balconista, pintor de paredes e até garçom. Após conseguir um emprego na capital paulista, aos 22 anos, começou a participar de programas de calouros em rádios. Em 1941, foi trabalhar na Rádio Record como ator cômico e locutor. Foi lá que conheceu o grupo Demônios da Garoa, com quem teve longa e próspera parceria.

Optando por Adoniran em vez do nome idealizado, em homenagem ao amigo Luiz Barbosa, o sambista, tornou-se um dos compositores mais relevantes do Brasil e uma das vozes mais emblemáticas da comunidade italiano-paulistana.

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Adoniran é o autor dos sucessos Trem das Onze, Samba do Arnesto e Tiro ao Álvaro, canções que evidenciam sua conexão intensa e pessoal com o centro de São Paulo, área que o motivava com a rotina de operários, botequins e encontros amorosos para a composição de suas músicas.

A sua característica marcante, a pronúncia incorreta de palavras, era a maneira como Adoniran se conectava com o público. Em “Samba do Arnesto” essa estética se manifesta com os versos “o Arnesto nos convidou / Prum’ samba, ele mora no Brás / Nós fumos, não encontremos ninguém / Nós vortermos com uma baita de uma reiva / Da outra vez, nós não vai mais / Nós não semos tatu”.

A música foi lançada em seu segundo álbum, em 1975, após ter sido censurada durante o período ditatorial, devido à utilização de linguagem considerada inadequada nos meios de comunicação.

Em certas ocasiões, a poesia do compositor se manifesta em um jogo de palavras, como o apaixonado Álvaro, que também é um jogo de palavras com “alvo” em Tiro ao Álvaro. O personagem é o alvo certo das balas disparadas pelo olhar da moça, mais letais que “veneno estriquinina” e “bala de revolver”.

A partir dessa poesia, direcionada às camadas menos favorecidas da população, Adoniran contava histórias de eventos diários que, por vezes, alcançavam a crítica social, como no despejo de Saudosa Maloca. “Peguemos todas nossas coisas e fumo pro meio da rua, apreciemos a demolição/ Que tristeza que nós sentia/ Cada tábua que caía, doía no coração”, compôs Adoniran, dando voz aos sem-teto que observavam a derrubada do imóvel onde tinham vivido nos últimos anos.

Adoniran Barbosa morreu em 23 de novembro de 1982, aos 72 anos. Estava hospitalizado no Hospital São Luiz, devido a um enfisema pulmonar. O sepultamento ocorreu no Cemitério da Paz, em São Paulo.

Qual o motivo pelo qual as canções que ouvimos na adolescência influenciam nossa existência?

Fonte por: CNN Brasil