Os Estados Unidos informaram, na terça-feira 5, a suspensão de 500 milhões de dólares destinados ao desenvolvimento de vacinas de mRNA contra vírus respiratórios. A decisão impacta 22 projetos, incluindo iniciativas de empresas farmacêuticas como Pfizer, Moderna, Sanofi e AstraZeneca.

Especialistas em saúde pública criticaram o cancelamento dos contratos. “Não acredito ter testemunhado uma decisão mais arriscada em saúde pública nos meus 50 anos de atuação”, declarou Mike Osterholm, professor da Universidade de Minnesota e referência em doenças infecciosas, em entrevista à Deustche Welle.

O RNA mensageiro, ou mRNA, empregado nas vacinas da Moderna e Pfizer, é uma molécula transitória que carrega informações provenientes do DNA. Através dele, é viável provocar que o organismo produza proteínas que imitam a presença de um vírus, preparando o sistema imunológico para confrontá-lo em situações de infecção efetiva.

A principal vantagem, segundo cientistas, reside na rapidez da fabricação, o que pode ser fundamental para controlar futuras pandemias.

Os acordos norte-americanos eram de responsabilidade da Barda (Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado), um órgão vinculado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS).

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O secretário de Saúde trumpista, Robert F. Kennedy Jr., com histórico de descrença em relação a imunizantes, defendeu o corte. Sem evidências, alegou que o mRNA “não protege eficazmente contra infecções do trato respiratório superior, como Covid e gripe”. Em nota oficial, afirmou que sua equipe “revisou a ciência, ouviu os especialistas e agiu”.

O HHS comunicou que o orçamento será direcionado ao desenvolvimento de plataformas de vacinas mais seguras e abrangentes, que continuam eficazes com a mutação dos vírus. Certos contratos em fase final, incluindo os referentes a Arcturus e Amplitude, foram mantidos.

O governo também instruiu a GHIC (Global Health Investment Corporation), que administra o fundo Barda Ventures, a suspender qualquer novo aporte em tecnologias de mRNA. “Deixem-me ser absolutamente claro: o HHS apoia vacinas seguras e eficazes para todos os norte-americanos que as desejam. É por isso que estamos superando as limitações do mRNA e investindo em soluções melhores”, afirmou Kennedy.

O desmembramento da gestão republicana aumenta a propagação de desinformação pelo governo Trump. Ademais, o discurso atual na Casa Branca tem expandido a descrença em relação às vacinas nos Estados Unidos, o que tem afetado campanhas de imunização.

Fonte por: Carta Capital