Adesivos e correntes na boca: o que aconteceu nas 24 horas de ocupação do Congresso

Deputados e senadores da oposição já ocupam as presidências da Câmara e do Senado por 24 horas em manifestação contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os parlamentares também realizaram refeições e houve momentos de oração nos plenários das Casas legislativas.

A ação, que visava também promover o avanço da proposta de anistia aos condenados do 8 de janeiro e o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes, prejudicou os trabalhos legislativos e impediu a pauta de votações.

A isenção se aplicava às audiências públicas, que não exigiam quórum, ou seja, um número mínimo de parlamentares.

Leia também:

Tarifa americana beneficia governo Lula, declara Antonio Lavareda

O Brasil estará pronto para enfrentar novas restrições impostas pelos EUA

Lula estabelece contato com Xi e discute colaboração mútua e oportunidades de negócios

A ação se iniciou na última terça-feira (5), após os políticos anunciarem que as atividades seriam obstruídas e que passariam a noite no Congresso.

Deputados e senadores postaram nas redes sociais imagens de sua atividade legislativa. Vídeos no Instagram exibem o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) descansando sob a mesa diretora.

Outro registro apresenta senadores sentados em uma mesa com correntes nos braços, dialogando entre si. Alguns produziram vídeos na tribuna, espaço reservado para discursos no plenário, com curativos colados nos lábios, sinalizando uma suposta “censura” imposta pelo STF.

O senador Marcos do Val voltou ao Senado ao longo do dia e apresentou sua pulseira eletrônica. A determinação foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar permaneceu com um adesivo sobre a boca durante uma coletiva de imprensa com outros membros do Congresso.

A União Progressista, formada pelo União Brasil e PP, instruiu que não houvesse presença em plenário. Em comunicado, o grupo considera legítimo o ato de obstrução realizado pela oposição.

Noite no Congresso

Os parlamentares alternaram-se nas presidências das comissões das duas Casas durante a noite, em manifestação contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada na última segunda-feira (4).

Na madrugada de quarta-feira (6), parlamentares estabeleceram um horário noturno para ocupar as presididas das duas Câmaras.

“Nós estamos iniciando agora uma ação na Câmara e no Senado, ocupando ambas as mesas diretoras, e não sairemos de ambas as mesas até que os presidentes das duas Casas se reúnam para buscarmos resolver um problema de soberania nacional”, declarou o deputado Sôstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, em vídeo publicado nas redes sociais.

Mais de dez congressistas realizaram a transmissão de cargos no Senado, com cada um deles permanecendo na sessão plenária por aproximadamente duas horas.

Segundo informações da CNN, a noite foi calma.

Líderes das Casas

As medidas são parte do denominado “pacote da paz”, anunciado por integrantes da oposição nesta terça-feira durante declaração a jornalistas na rampa do Congresso.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reuniu líderes para discutir a situação.

“Passaremos o dia hoje conversando com os líderes e, posteriormente, reuniremos o colegiado. Só isso. Vamos avaliar, vamos conversar o dia inteiro hoje”, declarou Hugo após a participação no Fórum Saúde do Instituto Esfera Brasil.

Foi convocada, inclusive, uma reunião pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Publicado por Maria Clara Matos, com informações de Renata Souza e Mateus Salamao.

Fonte por: CNN Brasil