Ex-presidente confirma encontro com as Forças Armadas para tratar de “possibilidades”, ao mesmo tempo que desmentiu “minuta golpista”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro réu no núcleo crucial da ação penal por tentativa de golpe de Estado em 2022, sendo interrogado na tarde da terça-feira (10.jun.2025) pela 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal). A audiência de Bolsonaro iniciou às 14h02 e encerrou às 16h42.
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Bolsonaro assegurou ao relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, que se reuniu com os comandantes das Forças Armadas – Freire Gomes (Exército), Baptista Júnior (Aeronáutica) e Almir Garnier (Marinha) – para tratar de um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), e que não houve discussão sobre um plano para um golpe de Estado, mas sim sobre “possibilidades dentro da Constituição”.
Ele também se desculpou com Moraes por ter afirmado que ministros receberiam dinheiro nas eleições de 2022 sem evidências durante uma reunião ministerial em julho de 2021. Na ocasião, Bolsonaro criticou as urnas e defendeu o voto impresso. Declarou que o discurso fazia parte de sua “retórica”, mas que, se não houvesse “dúvidas” sobre o sistema eleitoral, “não estaríamos aqui hoje”. Moraes rejeitou a afirmação e disse que “não há nenhuma dúvida”.
O ministro e o ex-presidente também protagonizaram um momento de descontração. Bolsonaro convidou Moraes para ser seu vice na chapa para a Presidência em 2026. Rindo, o magistrado respondeu: “Eu declino”. O ex-presidente está inelegível até 2030.
Assista (2h9min26s):
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Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, prestará depoimento. Posteriormente, por videoconferência, será ouvido Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.
De acordo com a PGR, os membros desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que visavam impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-ministro do GSI, Augusto Heleno, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, participaram da audiência da manhã.
Todos os réus do núcleo estão obrigados a comparecer nos interrogatórios, podendo permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta.
Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados poderão interrogar os réus. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também poderão questionar os réus.
Após as audiências, os réus não precisam mais comparecer. A única pessoa do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.
Os interrogatórios são parte da fase instrutória do processo criminal, momento de coleta de provas. As testemunhas do Ministério Público e da defesa já prestaram depoimento e novas provas documentais e periciais podem ser apresentadas, mediante solicitação das partes e autorização do relator, ministro Alexandre de Moraes.
Podem ser realizadas, eventualmente, investigações adicionais para confirmar informações relevantes durante o processo. Somente após essa fase as acusações e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes elaborará o relatório final para o julgamento.
Os depoimentos judiciais são divulgados no canal do STF no YouTube e na TV Justiça ao vivo. O Poder360 também realiza a transmissão no canal deste jornal digital no YouTube (inscreva-se e ative as notificações). No Brasil, o depoimento de réus em ações penais é, por regra, um ato público. Embora a transmissão ao vivo não seja comum, o STF já permitiu acesso de jornalistas e do público em outros casos semelhantes.
Acompanhe os vídeos do depoimento dos réus perante o STF.
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Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.