Contém vitaminas, sais minerais, antioxidantes e fibras; pesquisadores criaram uma receita utilizando farinha elaborada com as folhas.
Suas folhas amplas fornecem ferro, cálcio, potássio, magnésio, zinco, além de vitaminas A e C. Complementando, apresentam fibras e são ricas em compostos com ação antioxidante. Essa combinação, encontrada na taioba, auxilia no enriquecimento de preparações, conforme evidenciado em um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
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O estudo foi publicado recentemente na revista científica Brazilian Journal of Food Technology e apresenta detalhes sobre a produção de muffins utilizando taioba. O processo compreendeu desde a secagem das folhas, para a obtenção de uma farinha, até a avaliação sensorial por um grupo de voluntários.
“Os bolinhos demonstraram maior concentração de sais minerais em relação às receitas elaboradas unicamente com farinha de trigo”, comenta a engenheira de alimentos Cláudia Leite Munhoz, professora do IFMS e uma das autoras da pesquisa. Além disso, receberam aprovação dos consumidores.
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Entre os nutrientes vegetais importantes, destacam-se o ferro, mineral essencial no tratamento da anemia; o potássio, que auxilia os músculos; e o cálcio e o fósforo, combinação benéfica para a saúde óssea. A oferta também inclui a vitamina A, vital para a saúde ocular, e a vitamina C, que auxilia na imunidade.
A taioba é igualmente fonte de fibras, atuando como guardiãs do intestino. Destaca-se pela concentração de compostos fenólicos, um grupo de substâncias com ação antioxidante que surge em estudos como proteção das artérias.
Além da folhagem, a espécie contém um tipo de “batata”, rica em amido. “Em algumas regiões, o rizoma costuma ser mais apreciado e as folhas acabam indo para o lixo”, comenta Munhoz.
A nutricionista Hilana Santos Veras Pereira Negrão, do Einstein Hospital Israelita, considera o emprego de folhas em preparações culinárias, como a utilizada na receita do muffin em estudo, uma estratégia eficaz para reduzir o desperdício. “A taioba é popular em algumas cidades de Minas Gerais, mas trata-se de um alimento que poderia ganhar mais espaço no cardápio dos brasileiros”, comenta.
O desafio reside em encontrá-la em supermercados e hortifrutigens. Isso ocorre porque a hortaliça não possui uma cadeia produtiva consolidada. A sugestão atual é adquirir diretamente de pequenos produtores e em feiras orgânicas.
Originária da América do Sul, a taioba ocorre naturalmente em alguns pontos da costa brasileira, além de determinadas cidades do interior de Minas Gerais e Goiás. A planta pode alcançar até dois metros de altura e suas folhas podem ter até 80 centímetros de comprimento e 60 centímetros de largura.
Cláudia Munhoz alerta que existe uma espécie de taioba, a brava, que não é comestível. Ela concentra grande quantidade de oxalato de cálcio, o que pode desencadear inchaço na garganta e a sensação de asfixia.
Outrora, era possível distinguir com facilidade, sendo relevante recuperar tradições e promover o saber, a fim de diversificar a alimentação. Contudo, certos sinais podem auxiliar na diferenciação.
A espécie tóxica, a brava, tem o nome científico *Colocasia antiquorum* e apresenta o talo roxo, explica a nutricionista do Einstein. Já a taioba-mansa ( *Xanthosoma Sagittifolium*) também conhecida como taioba-verdadeira, apresenta haste verde. “Sua folha, com formato que lembra um coração, é toda contornada por uma linha fina”, detalha.
Mesmo para a taioba dócil, a recomendação é cozinhá-la antes do consumo, já que ela concentra alguns compostos antinutricionais que podem prejudicar o aproveitamento dos sais minerais.
É preparado de maneira convencional como refogado, com adição de bastante alho. Seu sabor se assemelha ao da couve e do espinafre.
As folhas combinam-se bem como recheio de massas, como ravioli, ou de pastéis, tortas e quiches. Também enriquecem arroz e sopas. Para quem deseja incrementar pães, panquecas ou bolinhos, a sugestão é secar no forno e, após desidratada, bater no liquidificador até virar uma farinha.
Além da taioba, outras Plantas Alimentícias Não Convencionais, as PANCs, têm sido estudadas e estão se tornando cada vez mais conhecidas.
É frequentemente vista como erva daninha em diversas localidades, devido ao seu crescimento natural em áreas do Brasil. Suas folhas suculentas fornecem um tipo de ômega-3, uma gordura com ação anti-inflamatória. Combina bem em saladas.
A couve-de-cerca também é uma espécie trepadeira que contém vitaminas A e C, entre outros micronutrientes. As folhas frescas complementam saladas, mas são ótimas em ensopados e refogados, por exemplo.
Outra espécie resistente que se desenvolve com facilidade em todo o território brasileiro. Suas folhas são bastante úteis na culinária e, quando jovens, são mais macias e adequadas para saladas. Entre os nutrientes, destacam-se sais minerais como o potássio, o magnésio e o cálcio.
É uma das PANCs mais populares no momento. Uma das razões do seu sucesso é a alta concentração de nutrientes. Suas folhas fornecem sais minerais como magnésio, zinco e cobre, além de um tipo específico de fibra, a mucilagem, que contribui para a saúde intestinal. Também oferece proteína. A planta combina bem com frango e espessa cozidos, entre outras preparações.
Essa espécie (Stachys byzantina) recebeu esse apelido devido à semelhança de seu sabor com peixe frito, sendo a forma de consumo mais frequente a empanada, utilizada como petisco. Apresenta fibras e vitamina C.
O nome científico é Hibiscus sabdariffa e, além de vinagreira, é conhecido como caruru-azedo. Suas folhas são utilizadas no preparo de um prato típico do Maranhão, o arroz-de-cuxá, mas também enriquecem, com vitaminas e sais minerais, sopas e saladas, por exemplo.
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Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.