O aumento das taxas de ansiedade, depressão, automutilação e suicídio é notório no Brasil, situação que o coloca entre os países com maior incidência de transtornos de saúde mental a nível global.

Estudos da Fundação Oswaldo Cruz Bahia indicam que, de 2011 a 2022, o Brasil registrou um aumento de 6% nas taxas de suicídio e um crescimento de 29% em autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos. A ansiedade impacta 45% da população brasileira, notadamente jovens entre 18 e 24 anos.

O intenso debate sobre a saúde mental dos jovens ocorre em diversas áreas da sociedade. No ambiente universitário, a questão provoca uma vasta reflexão acerca de formas de amenizar os impactos gerados pela rotina caracterizada por prazos, avaliações e outros compromissos do calendário acadêmico.

O Projeto Focinhos, iniciativa da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), integra animais de apoio à saúde mental de estudantes.

Essa abordagem terapêutica, que envolve 50 animais, incluindo cães, coelhos, gatos e um pônei, emprega o contato com animais para complementar o tratamento de pacientes com transtornos diversos.

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Quais os benefícios da interação com animais para a saúde mental de estudantes?

O estudo do impacto da convivência com animais já é realizado. Um artigo publicado na revista científica Research, Society and Development em 2022 – que compilou estudos sobre Terapia Assistida por Animais (TAA) relacionados ao tratamento de transtornos psicológicos –, aponta resultados relevantes em relação à influência benéfica dessa prática. Pode, inclusive, configurar-se em uma recomendação médica.

Ana Lúcia Lacerda Michelotto, doutora em Ciência Animal e em Educação e coordenadora do PUC-PR Acolhe, afirma que o tratamento busca promover o bem-estar emocional, físico, cognitivo e social dos estudantes. “Os resultados são notáveis, pois os animais vão muito além do papel de simples pets. Eles atuam como verdadeiros cuidadores e grandes companheiros, oferecendo um suporte valioso no processo de qualidade de vida”.

Em 2024, o Projeto mobilizou 50 voluntários, que incluíam tutores com seus animais e pessoas sem companhia, e promoveu visitas mensais a instituições externas. Atualmente, além das atividades desenvolvidas na universidade, os voluntários oferecem apoio em clínicas e hospitais.

Abordagem multifacetada

Para o psicólogo, pedagogo, mestre e doutor em Educação e diretor do PUC-PR Acolhe, Saulo Geber, a saúde mental dos adolescentes não é uma questão individual, mas sim um desafio coletivo que demanda o envolvimento de todos. “Ao investir em educação, apoio familiar e intervenções eficazes, podemos construir um futuro mais saudável e resiliente para as próximas gerações”.

O Projeto Focinhos ocorre semanalmente, nas sextas ou segundas-feiras, no período da manhã (das 9h às 10h ou das 11h30 às 12h30) ou da tarde (das 18h às 19h).

Adicionalmente, a PUC-PR Acolhe também promove oficinas, todas conduzidas por um psicólogo. Estas abordam diversas áreas, incluindo atividades manuais (Cores e recortes), tricô (Tricotando ideias) e culinária (Mão na massa).

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Fonte por: CNN Brasil