A UE elabora contramedidas às tarifas impostas por Trump, ainda contando com o acordo comercial

A União Europeia (UE) decidiu, nesta quinta-feira 24, mostrar sua força em sua resposta à medida que os Estados Unidos implementam tarifas planejadas, mas manteve a confiança na viabilidade de um acordo negociado após o anúncio de Donald Trump sobre tarifas de 30% para produtos dos países do bloco.

Um porta-voz da Comissão Europeia, o braço Executivo da UE, declarou nesta quinta-feira que um acordo entre Bruxelas e Washington está “próximo” para evitar uma escalada de tarifas com consequências imprevisíveis.

Em relação a um acordo ou resultado, consideramos que tal resultado está próximo, afirmou o porta-voz comercial da Comissão Europeia, Olof Gill, nesta quinta-feira.

Leia também:

Notícias falsas sobre Brigitte Macron ser transgênero ganham força após decisão judicial ser interpretada por teóricos da conspiração

O Palácio da Casa Branca critica o programa “South Park” devido a um episódio que satiriza Donald Trump

Lula demonstra interesse em manter o diálogo, porém critica a postura de Trump

Contudo, tal afirmação foi realizada pouco tempo depois de 26 dos 27 países da UE apoiarem um conjunto de medidas de retaliação contra os Estados Unidos, caso as negociações não tivessem sucesso.

Com oposição da Hungria, os demais países do bloco apoiaram um pacote de sanções robusto, avaliado em aproximadamente 93 bilhões de euros, o que corresponde a cerca de 109 bilhões de dólares (605 bilhões de reais).

As medidas teriam início em 7 de agosto, se as negociações não alcançarem um resultado positivo. O pacote compreende tarifas sobre produtos aeronáuticos, químicos e farmacêuticos, em continuidade de uma extensa lista.

Adicionalmente, de acordo com informações diplomáticas, a União Europeia também está desenvolvendo um conjunto de medidas de retaliação específicas para o setor de serviços, o qual pode impactar significativamente as grandes empresas de tecnologia e o setor bancário.

O pacote aprovado nesta quinta-feira compreende medidas de reação já previstas, no valor de aproximadamente 21 bilhões de euros (136 bilhões de reais), em retaliação às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre o aço e a alumínio da União Europeia.

A arma como elemento de intimidação.

As medidas de retaliação da União Europeia visam responder a uma alíquota geral de 30% sobre produtos americanos, de acordo com depoimentos convergentes de diversos diplomatas.

A intenção é que a definição deste pacote de medidas sirva para apoiar as negociações, e não para intensificar as tensões, afirmou a fonte diplomática.

Desde que Trump anunciou a nova política comercial de seu país, com base em tarifas elevadas sobre produtos importados, a União Europeia se comprometeu a buscar uma solução para evitar uma guerra comercial.

O comissário europeu para o Comércio e negociador-chefe da UE, Maros Sefcovic, realizou diversas viagens a Washington e mantém contato constante com autoridades americanas para encontrar um caminho.

Contudo, países influentes da UE, como Alemanha e França, pressionam o bloco a adotar uma reação contundente às ameaças tarifárias e comerciais dos Estados Unidos.

A União Europeia dispõe de uma ferramenta, referida em Bruxelas como “a bazuca”, formalmente denominada Mecanismo Anticoerção, implementada em 2023 e com consequências severas.

A União Europeia vê o mecanismo como uma ferramenta de dissuasão e lhe confere o poder de aplicar tarifas sobre produtos e serviços, e inclusive impor restrições ao acesso de países terceiros ao mercado europeu.

Gill declarou nesta quinta-feira que o Mecanismo é o “mais eficaz dissuasor” da UE e, desde sua implementação, nunca foi utilizado.

Fonte por: Carta Capital