A revista The Economist afirma que o Brasil oferece uma lição de democracia aos EUA ao implementar um bloqueio contra golpistas

A edição desta semana da renomada revista britânica The Economist apresenta, como reportagem de destaque, um artigo que aborda o próximo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado no Brasil, e estabelece paralelos com a situação enfrentada pelos Estados Unidos após o término do primeiro governo de Donald Trump.

A capa apresenta uma montagem com Bolsonaro personificado como Jacob Chansley, conhecido como “o viking do Capitólio” ou “o chifrudo do Capitólio”, que se tornou símbolo da invasão de apoiadores de Trump à sede do Congresso dos EUA em 2021.

A primeira página inclui a frase “o que o Brasil pode ensinar aos EUA”.

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A reportagem, com o título “O Brasil oferece aos EUA uma lição sobre maturidade democrática”, estabelece uma comparação entre as circunstâncias enfrentadas pelos dois países após a derrota das presidenciais de líderes de extrema-direita, Trump e Bolsonaro.

A já mencionada invasão ao Capitólio é comparada aos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. A publicação ainda afirma que a tentativa de golpe no Brasil fracassou “por incompetência, e não por [falta de] vontade”.

Bolsonaro e as pessoas que tramaram com ele devem ser condenados, aponta a revista, que diz ainda que o Brasil deve se tornar uma referência para outros países que enfrentaram a “febre populista”, incluindo o próprio Reino Unido, país de origem da Economist, onde Nigel Farage, o inspirador do Brexit, é bem cotado em pesquisas eleitorais.

Apesar do caso brasileiro ser referência para outras democracias, a publicação indica que a principal comparação deve ser feita com os Estados Unidos, um país que, segundo a revista, está se tornando “mais corrupto, protecionista e autoritário” sob Trump.

Enquanto o governo Trump pune o Brasil pelo processo contra Bolsonaro, o País está determinado a salvaguardar e fortalecer sua própria democracia, avalia a Economist. Um motivo é que a memória da ditadura no Brasil ainda é viva. O País restaurou a democracia em 1988, citou a revista, destacando o ano de estabelecimento da Constituição Federal, três anos após o fim da ditadura militar.

A reportagem também aponta que a maioria dos brasileiros considera que Bolsonaro tentou promover um golpe para permanecer no poder, e que até mesmo políticos conservadores que almejam herdar o apoio do bolsonarismo criticam a condução do ex-presidente.

Em artigo de abril de 2024, a Economist criticou o que denominou o “poder descomunal” do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, no texto elogioso à reação brasileira à tentativa de golpe, o tom é mais ameno, mas não deixa de questionar a Corte, que, segundo a reportagem, teria “poder demais”. Também há questionamentos ao poder do Congresso.

Bolsonaro deve ser julgado por seus crimes e punido se for considerado culpado. No entanto, não será fácil. O obstáculo é Trump, que acusa a Suprema Corte do Brasil de “caça às bruxas” contra seu amigo Bolsonaro.

Ademais, conforme apontado pela The Economist, existem entraves internos no Brasil que podem agravar a situação. A publicação destaca que o país é, atualmente, bastante fragmentado, e que os defensores fervorosos de Bolsonaro poderão gerar dificuldades, sobretudo se o STF julgar com rigor.

As tensões serão inevitáveis, portanto. No entanto, ao contrário dos Estados Unidos, muitos dos principais políticos do Brasil, de todos os partidos, querem jogar de acordo com as regras e avançar por meio de reformas. Essas são as marcas da maturidade política, opina a revista.

Fonte por: Carta Capital