Especialistas debatem os efeitos da CBS e IBS no setor da construção e destacam a importância de ajustar processos e acordos.
A Reforma Tributária em curso no Brasil demandará adaptações significativas das incorporadoras, principalmente no setor econômico da construção civil. O novo sistema, que substitui PIS, Cofins, ICMS e ISS por dois tributos – a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – transforma o regime cumulativo em um modelo não cumulativo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Assim, as empresas passam a ter direito a créditos fiscais, mas também enfrentem a necessidade de controles mais rigorosos na apuração de débitos e créditos. As mudanças foram debatidas durante o evento Juntos 2025, promovido pela fintech imobiliária Versi, que reuniu incorporadoras de diversas regiões do país.
O novo sistema tributário tende a aumentar a base de cobrança, abrangendo operações como aluguéis e vendas anteriormente isentas de ICMS e ISS. A possível alta da carga tributária demanda uma revisão do planejamento tributário, da estrutura dos contratos e da organização dos fornecedores.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A legislação contempla, contudo, redutores, como a alíquota de 50% menor para imóveis residenciais e mecanismos de transição que podem amenizar o impacto inicial. Segundo José Carlos Martins, presidente do conselho consultivo da CBIC, “a reforma impacta todos os pilares do negócio: terreno, obra, venda, receita e, principalmente, fluxo de caixa”.
Durante o debate, Jardel Cardoso, sócio da Versi, e Daniel França, sócio da RDR Engenharia, propuseram a implementação de métodos mais eficazes para atenuar as consequências da reforma. Dentre as sugestões, ressaltam-se a industrialização da construção e a segmentação da produção – estratégia já utilizada por setores como o automotivo.
As construtoras devem focar suas atividades em segmentos com maior potencial de expansão, como a construção habitacional para fins sociais. Contudo, essa estratégia demandará modelos financeiros mais adaptáveis, que levem em conta as características do novo marco regulatório na estruturação dos projetos.
Também foi discutido o provável aumento da necessidade de capital de giro. Dada a falta de clareza nas regras de apuração e compensação de créditos, há incerteza sobre a velocidade e a exatidão dos sistemas da Receita Federal.
A situação demanda maior atenção na administração do fluxo de caixa, uma vez que o prazo de recuperação de créditos pode afetar o custo financeiro das operações. Desta forma, será preciso prever adaptações nos projetos e fortalecer a preparação das equipes responsáveis pela contabilidade e pelo planejamento financeiro.
O aumento previsto na arrecadação municipal via IBS sugere a possibilidade de ampliar o diálogo entre incorporadoras e prefeituras. Espera-se que se desenvolvam modelos de colaboração direcionados ao desenvolvimento urbano, com ênfase em novas modalidades de empreendimento e aprimoramentos na infraestrutura.
Segundo Martins, o setor deve evitar a repetição de erros históricos. A reforma tributária, a falta de mão de obra produtiva e as exigências legais de ordem ambiental e social vão transformar os negócios da construção. Não devemos adotar a postura dos taxistas diante da chegada do Uber.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.