Antecipadamente ao aumento tarifário sobre diversas importações brasileiras, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou o bloqueio sobre os produtos farmacêuticos e a Índia nesta terça-feira, 5.
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Na semana passada, Trump sancionou uma ordem executiva que aumenta as tarifas alfandegárias entre 15% e 41% para diversas nações comerciais a partir de 7 de agosto.
O Brasil recebe um tratamento parcial, já que, nesse caso, o aumento para 50% responde principalmente a motivos políticos.
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Trump protesta contra o processo de tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ele considera uma “caça às bruxas”.
A partir da meia-noite de terça-feira, incidirá um aumento de 50% sobre os bens brasileiros, com algumas isenções. Excluem-se suco de laranja, metais preciosos e pasta de celulose, entre outros. A aviação civil, importante para a Embraer, que apresentou prejuízos líquidos de 53,4 milhões no segundo trimestre de 2023.
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O café e a carne não escaparam da ofensiva tarifária de Donald Trump, de 79 anos, que foi categoricamente condenado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A soberania está sendo ameaçada.
“Nossa democracia está sendo questionada, nossa soberania está sendo atacada, nossa economia está sendo agredida”, declarou Lula nesta terça-feira no Itamaraty.
Nenhuma taxa foi utilizada em outros países, com o objetivo de interferir na independência dos poderes do país.
Em Brasília, 36% das exportações do país para os Estados Unidos serão impactadas por impostos adicionais.
A situação se assemelha à dos produtos canadenses, que estão sujeitos a uma tarifa de 35% desde 1º de agosto, sendo que mais de 85% das exportações para os Estados Unidos estão isentos, conforme declarado pelo primeiro-ministro canadense, Mark Carney.
Trump pretende novas elevações, notadamente para a Índia.
Petróleo russo
A Índia não tem sido um bom parceiro comercial, pois eles realizam muitos negócios conosco, mas nós não fazemos negócios com eles. Acordamos 25%, mas acredito que vou aumentar isso substancialmente nas próximas 24 horas, porque estou comprando petróleo russo.
O chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Andrii Yermak, aproveitou a oportunidade para criticar, em publicação na rede Telegram, a existência de “componentes indianos em drones russos” que são utilizados “na linha de frente e contra civis”.
Em relação a medicamentos, Trump anunciou no início de julho que aplicaria uma sobretaxa de 200% se a produção não fosse rapidamente trazida de volta para o território dos Estados Unidos.
“Propomos, inicialmente, instituir uma taxa sobre os produtos farmacêuticos, mas em um ano, no máximo um ano e meio, ela aumentará para 150% e depois para 250%, pois desejamos que esses produtos sejam fabricados em nosso país”, declarou Trump à CNBC.
O presidente dos Estados Unidos busca diminuir os custos dos remédios, que apresentam, em média, valores significativamente superiores aos praticados na maioria dos demais países industrializados.
Trump solicitou, em cartas enviadas na semana passada a 17 empresas do setor, que diminuíssem os valores de seus produtos, sob ameaça de medidas retaliatórias. As empresas têm até 29 de setembro para se comprometer com a redução.
As tarifas no setor farmacêutico são, sem dúvida, um dos temas na agenda das negociações entre Suíça e Estados Unidos.
A presidente suíça, Karin Keller-Sutter, e seu ministro da Economia, Guy Parmelin, buscam diminuir a taxa de 39%, que é significativamente maior do que a aplicada aos produtos da União Europeia (15%).
Em abril, Trump já havia imposto uma tarifa mínima universal de +10%, que continua sendo paga pelos produtos de muitos de seus parceiros, incluindo a maioria dos países latino-americanos.
A partir de 7 de agosto, diversos outros também estarão sujeitos a taxas adicionais de até 41%.
A maior parte pagará um acréscimo de 15%, como Costa Rica, Bolívia, Equador e Venezuela. A Nicarágua, 18%.
O México possui um período de 90 dias para discutir as elevações tarifárias, ainda que já suporte impostos extras de 25% sobre bens que não são cobertos pelo Tratado Livre de Comércio da América do Norte (T-MEC), do qual faz parte com os Estados Unidos e o Canadá.
Adicionalmente, Trump implementou tarifas específicas em setores como 50% sobre aço, alumínio e cobre, e 25% sobre automóveis e componentes que não se enquadram no T-MEC.
Fonte por: Carta Capital